São Paulo, sexta-feira, 21 de julho de 2006

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Advogado "some" e ressurge de óculos escuros

DA REPORTAGEM LOCAL
EM SÃO PAULO

Depois de um dia de suspense, quando sumiu do Fórum Criminal da Barra Funda, onde acontece o julgamento dos assassinos do casal Von Richthofen, para tratar um suposto problema na retina, o advogado de Suzane, Mauro Otávio Nacif, reapareceu, às 17h.
A bordo de um óculos de lentes pretas, Nacif só mostrou os olhos depois de se certificar que o sol já estava baixo. Então, vergou o corpo e a cabeça para o lado esquerdo e assim passou 20 minutos dando entrevista.
Também foi nessa posição que ele entrou no plenário e, assim, aproximou-se de Suzane para cumprimentá-la. "Meu médico me orientou a ficar assim, para evitar que o problema na retina se agravasse."
Ele explicou que neste ano se submeteu a cirurgia de catarata nos dois olhos e que esse procedimento teria causado um descolamento da retina esquerda.
Segundo Nacif, o problema não teve relação com a tosse renitente que vem apresentando no plenário, decorrente de uma bronquite. O advogado disse ter ficado com a vista embaçada na madrugada de ontem. Pela manhã, foi procurar atendimento. Os médicos aplicaram-lhe gás no olho e o liberaram. Também marcaram cirurgia na próxima segunda, quando o julgamento de Suzane já estará encerrado.
De manhã, os demais advogados de Suzane procuraram o juiz e comunicaram-lhe o problema do colega. O juiz tranqüilizou-os dizendo que pretendia realizar só a leitura de partes do processo e a exibição do vídeo da reconstituição do crime.
Só hoje a presença de Nacif seria importante, quando se realizarão os debates entre as partes.
Formado em 1969 na Universidade Mackenzie, Nacif, 61, tem marcado sua ação nesse caso pelas perguntas repetitivas, por frases de efeito e problemas gerados, segundo ele, por uma bronquite pulmonar.
Anteontem, durante um dos depoimentos, ele deixou o plenário com o microfone. Segundos depois, para espanto das cerca de 300 pessoas na platéia, do juiz, promotores, advogados, jurados e até réus, ouviu-se uma tosse estrepitosa, que se prolongou por mais de um minuto. Por fim, o som de alguém que cuspia ruidosamente.
Ele relata que já trabalhou em mais de 700 júris, algumas vezes ao lado de expoentes como o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Em 1993, ganhou o prêmio de criminalista do ano concedido pela Associação dos Advogados Criminalistas do Estado de São Paulo. (LAURA CAPRIGLIONE E SERGIO TORRES)


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