São Paulo, sábado, 21 de julho de 2007

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TRAGÉDIA EM CONGONHAS/GOVERNO

"Eu estou com o coração sangrando", afirma Lula na TV

73 horas após tragédia, presidente fez pronunciamento em rede nacional para anunciar medidas no setor aéreo

Lula diz que o padrão de segurança aérea no Brasil atende às exigências internacionais e pede que não haja precipitação


PEDRO DIAS LEITE
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de três dias calado sobre a tragédia de Congonhas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um pronunciamento em rede nacional e disse que está com o "coração sangrando", pediu que não sejam feitos julgamentos "precipitados" e prometeu que o governo fará "o possível e o impossível" para descobrir as causas do acidente com o avião da TAM.
A mensagem de Lula dividiu-se em três pontos: prestar solidariedade aos parentes das vítimas, tentar evitar uma onda de acusações pela culpa na tragédia, inclusive contra o governo, e anunciar novas obras do setor aéreo, para mostrar que o governo está agindo para solucionar os problemas.
O texto foi praticamente todo escrito pelo ministro da Comunicação Social, Franklin Martins. Depois de todo o rascunho pronto, Lula mexeu no texto apenas para "dar o tom", como definiu um assessor palaciano. A mensagem foi gravada na chamada "Sala de Situação", no terceiro andar do Palácio do Planalto, a poucos metros do gabinete presidencial.
"Com as medidas que anuncio hoje e com outras providências que o governo irá tomar nos próximos dias, tenho certeza de que o nosso sistema aéreo voltará a se adequar às necessidades do país", disse Lula, ao enunciar pontos das mudanças em Congonhas e afirmar que o padrão de segurança no Brasil atende às exigências internacionais. "Não podemos perder isso de vista."
O presidente abriu seu pronunciamento falando sobre as vítimas, 73 horas depois do acidente. "Nós, brasileiros, estamos vivendo dias muito tristes. (...) Sei que nada iguala o sofrimento das famílias que perderam seus entes queridos no acidente, mas, em nome dos brasileiros e brasileiras, quero dizer que sentimos suas perdas como se fossem nossas", afirmou.
Pela primeira vez, o presidente admitiu que o sistema aéreo brasileiro "passa por dificuldades". Lula usou três vezes a palavra "serenidade" e outras duas "precipitação" para tratar da investigação das causas do acidente com o Airbus-A320.
"No momento em que anuncio estas medidas, peço serenidade a todos os brasileiros. Nosso sistema aéreo, apesar dos investimentos que fizemos na expansão e na modernização de quase todos os aeroportos brasileiros, passa por dificuldades", afirmou Lula, que culpou principalmente "a excessiva concentração de vôos em Congonhas".

Apuração
Depois da batalha dos últimos dias do governo para tentar evitar que se consolide a tese de que foi uma "tragédia anunciada", Lula disse que não pode haver "injustiças". "Na apuração dos fatos, estamos trabalhando com rigor e serenidade, sem precipitações. Rigor para conhecer a verdade. Serenidade para não cometer injustiças. Da mesma forma que não podemos ficar impassíveis perante a dor e os riscos à segurança dos brasileiros, não podemos tomar atitudes precipitadas", afirmou Lula.
O governo anunciou apenas ontem, quase dez meses após a queda do avião da Gol, as primeiras medidas concretas para tentar resolver o problema aéreo. As medidas começarão a ser implementadas e sua eficácia ainda não pode ser prevista.

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