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TRAGÉDIA EM CONGONHAS/GOVERNO
"Eu estou com o coração sangrando", afirma Lula na TV
73 horas após tragédia, presidente fez pronunciamento
em rede nacional para anunciar medidas no setor aéreo
Lula diz que o padrão de segurança aérea no Brasil atende às exigências internacionais e pede que não haja precipitação
PEDRO DIAS LEITE
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de três dias calado sobre a tragédia de Congonhas, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva fez um pronunciamento
em rede nacional e disse que está com o "coração sangrando",
pediu que não sejam feitos julgamentos "precipitados" e prometeu que o governo fará "o
possível e o impossível" para
descobrir as causas do acidente
com o avião da TAM.
A mensagem de Lula dividiu-se em três pontos: prestar solidariedade aos parentes das vítimas, tentar evitar uma onda de
acusações pela culpa na tragédia, inclusive contra o governo,
e anunciar novas obras do setor
aéreo, para mostrar que o governo está agindo para solucionar os problemas.
O texto foi praticamente todo escrito pelo ministro da Comunicação Social, Franklin
Martins. Depois de todo o rascunho pronto, Lula mexeu no
texto apenas para "dar o tom",
como definiu um assessor palaciano. A mensagem foi gravada
na chamada "Sala de Situação",
no terceiro andar do Palácio do
Planalto, a poucos metros do
gabinete presidencial.
"Com as medidas que anuncio hoje e com outras providências que o governo irá tomar
nos próximos dias, tenho certeza de que o nosso sistema aéreo
voltará a se adequar às necessidades do país", disse Lula, ao
enunciar pontos das mudanças
em Congonhas e afirmar que o
padrão de segurança no Brasil
atende às exigências internacionais. "Não podemos perder
isso de vista."
O presidente abriu seu pronunciamento falando sobre as
vítimas, 73 horas depois do acidente. "Nós, brasileiros, estamos vivendo dias muito tristes.
(...) Sei que nada iguala o sofrimento das famílias que perderam seus entes queridos no acidente, mas, em nome dos brasileiros e brasileiras, quero dizer
que sentimos suas perdas como
se fossem nossas", afirmou.
Pela primeira vez, o presidente admitiu que o sistema
aéreo brasileiro "passa por dificuldades". Lula usou três vezes
a palavra "serenidade" e outras
duas "precipitação" para tratar
da investigação das causas do
acidente com o Airbus-A320.
"No momento em que anuncio estas medidas, peço serenidade a todos os brasileiros.
Nosso sistema aéreo, apesar
dos investimentos que fizemos
na expansão e na modernização de quase todos os aeroportos brasileiros, passa por dificuldades", afirmou Lula, que
culpou principalmente "a excessiva concentração de vôos
em Congonhas".
Apuração
Depois da batalha dos últimos dias do governo para tentar evitar que se consolide a tese de que foi uma "tragédia
anunciada", Lula disse que não
pode haver "injustiças". "Na
apuração dos fatos, estamos
trabalhando com rigor e serenidade, sem precipitações. Rigor
para conhecer a verdade. Serenidade para não cometer injustiças. Da mesma forma que não
podemos ficar impassíveis perante a dor e os riscos à segurança dos brasileiros, não podemos tomar atitudes precipitadas", afirmou Lula.
O governo anunciou apenas
ontem, quase dez meses após a
queda do avião da Gol, as primeiras medidas concretas para
tentar resolver o problema aéreo. As medidas começarão a
ser implementadas e sua eficácia ainda não pode ser prevista.
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