São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 2008

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No Rio, PM é acusada de matar motoboy e provoca protestos

Moradores de favela fecharam a principal rua do Flamengo com barricadas

A polícia negou que tenha feito o disparo; homem foi atingido com uma bala no peito quando estava em frente à casa de sua mãe

Fabio Rossi/ Agência Globo
Rua depredada por moradores do morro Azul, no Flamengo, zona sul do Rio, em protesto contra morte de motoboy no sábado

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A morte de um motoboy de 36 anos, chefe de família e funcionário de uma farmácia, revoltou os moradores do morro Azul, favela de pequeno porte no Flamengo, na zona sul do Rio. Segundo testemunhas, o tiro que matou o motoboy foi disparado por um PM. A polícia nega a autoria do disparo.
Na noite de sábado, logo após o crime, os moradores desceram do morro, queimaram carros, atacaram o comércio e interditaram com barricadas a Marques de Abrantes, uma das principais ruas do bairro.
O tumulto durou das 21h à 1h de ontem. Edson Vaz do Nascimento, o Edinho, foi morto com um tiro no peito, por volta das 20h45, quando se preparava para descer a favela para fazer um lanche.
De acordo com os moradores, uma Blazer da PM com quatro policiais subiu o morro. Um deles teria atirado contra Edinho, que se preparava para dar partida em sua moto. Ele morreu no local, em frente à casa de sua mãe.
A fim de impedir a saída da patrulha da favela, os moradores queimaram na rua Paulo 6º uma caçamba lotada de lixo e duas carcaças de carros abandonados. Também furtaram a chave do veículo da PM, que estava na ignição. Apedrejado, o carro teve vidros destruídos e a lataria, amassada.
Cercados pelos moradores revoltados, os policiais pediram reforço. Cerca de 50 PMs da Tropa de Choque chegaram à favela logo depois, e o conflito, até então restrito à comunidade, desceu para a rua Marques de Abrantes.
Testemunhas contaram que pelo menos cem pessoas invadiram a pista da rua, com pedras, porretes e troncos de madeira. A fachada de vidro da agência do HSBC foi destruída.
Com caixotes, restos de material de construção, peças de metal, pedaços de pau, pneus e muito lixo, os manifestantes interditaram a Marques de Abrantes. As barricadas foram incendiadas em seguida.
Casado havia 11 anos com a secretária Alessandra do Nascimento Rodrigues, 25, Edinho tinha uma filha de 15 anos.


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