MARTA AVANCINI
enviada especial a Campinas

A crença de que o brasileiro é um povo que não lê -ou que lê muito pouco- pode estar mascarando, na verdade, uma visão preconceituosa do que é leitura. Essa é a hipótese que orienta as discussões do 12º Cole (Congresso de Leitura do Brasil), que está sendo realizado até sexta-feira na Unicamp, em Campinas (SP).
A hipótese se baseia em um descompasso entre essa idéia e o mercado editorial brasileiro. "A venda de livros no Brasil é expressiva, mas inclui textos que não são considerados "adequados". Existe uma idéia pré-concebida do que é leitura, baseada no registro erudito", diz Márcia Abreu, da ALB (Associação de Leitura do Brasil).
Os resultados de algumas pesquisas sobre o perfil do professor enquanto leitor, apresentadas ontem, vão na direção da hipótese defendida pelos organizadores do evento. Paralelamente, também revelam os limites da relação dos professores com a leitura.
O trabalho, "Até gosto, mas não leio", realizado por Luciana Giovanni e Cristiane Pepe com professores de ensino fundamental em Araraquara (interior de São Paulo), revela os limites da relação com a leitura.
Entre as formas de lazer preferidas pelos professores, a leitura fica em quarto lugar, atrás da TV, dos filmes e de atividades com a família. No plano profissional, a leitura aparece como uma fonte de referência entre outras.
Para as pesquisadoras, até existem práticas de leitura entre os professores, mas muitos não as identificam como tais. Desde que a pesquisa começou, estão sendo realizadas atividades para ampliar a relação deles com os livros.
Outro trabalho, "Práticas de leitura das professoras no meio rural", de Vânia Costa Dias, tentou mapear as práticas de leitura de professoras que lecionam e residem em comunidades rurais do vale do Jequitinhonha (MG).
Dentro do universo pesquisado, as práticas de leitura são condicionadas pela Igreja e a escola, o que aponta para a necessidade de ampliar as "instâncias de leitura", visando ampliar a relação delas com os textos.



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