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SAÚDE
Produção e dificuldade de acesso devem impedir que o problema seja resolvido nos seis meses estipulados para durar o programa
Entidades acham que filas não acabarão
DA REPORTAGEM LOCAL
Entidades que trabalham ou representam deficientes físicos dizem que o governo não conseguirá acabar com as filas das órteses e
próteses nos seis meses estipulados para durar o programa. A palavra de ordem, no entanto, é que
pacientes e instituições pressionem para que o governo cumpra
a portaria, atendendo a todos.
"Cortamos as férias dos funcionários e estamos trabalhando
com todas as máquinas", diz o
empresário Décio Goldfarb, presidente voluntário da AACD, a
maior oficina ortopédica do país.
"Estamos aumentando em 35% a
produção, mas precisamos de
mais tempo para reduzir a fila que
hoje passa de um ano."
A AACD produz cerca de 40 mil
novos equipamentos por ano,
26% deles para o SUS. Com a divulgação do programa do governo, a tendência é que a procura e
as filas aumentem. "Quanto mais
produzimos, mais clientes aparecem", diz Goldfarb.
"Nos Estados mais pobres do
Norte e do Nordeste, as secretarias de Saúde ainda vão demorar
para se organizar", diz Gerônimo
Ciqueira da Silva, que coordena a
Organização Nacional de Entidades de Deficientes Físicos. "As
exigências da portaria, como os
laudos médicos, vão impedir
muitos pacientes de conseguir o
tratamento e os aparelhos. Muitos
não têm como se deslocar."
Na Grande São Paulo, além da
AACD, estão credenciados a Divisão de Medicina e Reabilitação do
Hospital das Clínicas, a Santa Casa de Misericórdia e o Lar Escola
São Francisco. O HC vem recebendo dezenas de telefonemas e
já ofereceu cerca de cem aparelhos desde o mês passado.
As instituições estão recomendando aos deficientes físicos e a
seus familiares que procurem as
entidades credenciadas ou busquem informações junto à Secretaria de Estado da Saúde. A partir
da próxima semana, o Disque-Saúde, no telefone 1520, estará
fornecendo todas as informações
sobre a campanha.
A orientação é no sentido de cobrar o atendimento prometido
pela portaria, mesmo que as filas
ultrapassem dezembro. Em Brasília, a assessoria do Ministério da
Saúde informou não poder comprometer o orçamento do próximo governo, mas disse esperar
que a campanha seja mantida.
A grande fila de espera está nas
próteses e órteses oferecidas em
ambulatório. O alto custo dos
aparelhos -uma perna mecânica, por exemplo, pode custar de
R$ 700 a mais de R$ 3.000- está
levando cada vez mais pessoas para as filas do SUS.
(AURELIANO BIANCARELLI E CLAUDIA COLLUCCI)
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