São Paulo, quarta-feira, 21 de agosto de 2002

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SAÚDE

Produção e dificuldade de acesso devem impedir que o problema seja resolvido nos seis meses estipulados para durar o programa

Entidades acham que filas não acabarão

DA REPORTAGEM LOCAL

Entidades que trabalham ou representam deficientes físicos dizem que o governo não conseguirá acabar com as filas das órteses e próteses nos seis meses estipulados para durar o programa. A palavra de ordem, no entanto, é que pacientes e instituições pressionem para que o governo cumpra a portaria, atendendo a todos.
"Cortamos as férias dos funcionários e estamos trabalhando com todas as máquinas", diz o empresário Décio Goldfarb, presidente voluntário da AACD, a maior oficina ortopédica do país. "Estamos aumentando em 35% a produção, mas precisamos de mais tempo para reduzir a fila que hoje passa de um ano."
A AACD produz cerca de 40 mil novos equipamentos por ano, 26% deles para o SUS. Com a divulgação do programa do governo, a tendência é que a procura e as filas aumentem. "Quanto mais produzimos, mais clientes aparecem", diz Goldfarb.
"Nos Estados mais pobres do Norte e do Nordeste, as secretarias de Saúde ainda vão demorar para se organizar", diz Gerônimo Ciqueira da Silva, que coordena a Organização Nacional de Entidades de Deficientes Físicos. "As exigências da portaria, como os laudos médicos, vão impedir muitos pacientes de conseguir o tratamento e os aparelhos. Muitos não têm como se deslocar."
Na Grande São Paulo, além da AACD, estão credenciados a Divisão de Medicina e Reabilitação do Hospital das Clínicas, a Santa Casa de Misericórdia e o Lar Escola São Francisco. O HC vem recebendo dezenas de telefonemas e já ofereceu cerca de cem aparelhos desde o mês passado.
As instituições estão recomendando aos deficientes físicos e a seus familiares que procurem as entidades credenciadas ou busquem informações junto à Secretaria de Estado da Saúde. A partir da próxima semana, o Disque-Saúde, no telefone 1520, estará fornecendo todas as informações sobre a campanha.
A orientação é no sentido de cobrar o atendimento prometido pela portaria, mesmo que as filas ultrapassem dezembro. Em Brasília, a assessoria do Ministério da Saúde informou não poder comprometer o orçamento do próximo governo, mas disse esperar que a campanha seja mantida.
A grande fila de espera está nas próteses e órteses oferecidas em ambulatório. O alto custo dos aparelhos -uma perna mecânica, por exemplo, pode custar de R$ 700 a mais de R$ 3.000- está levando cada vez mais pessoas para as filas do SUS.
(AURELIANO BIANCARELLI E CLAUDIA COLLUCCI)

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