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ENSINO
Estados ameaçam interromper expansão de matrículas
Governadores pedem verba extra para evitar "apagão" da educação
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Com uma série de críticas ao
projeto do Fundeb (fundo de desenvolvimento da educação básica), governadores e secretários da
Educação dos Estados do Nordeste, do Pará e de Minas Gerais fizeram ontem um apelo, ao governo
federal, por uma ajuda emergencial de R$ 300 milhões para evitar
o que chamaram de "colapso financeiro" da educação.
Para os cinco governadores que
participaram de um encontro sobre educação, ontem, em Fortaleza, caso não haja esse auxílio e o
Fundeb não seja reavaliado, poderá haver um "apagão" do ensino no país.
O "apagão", segundo eles, seria
a impossibilidade da ampliação
de vagas ou até mesmo um retrocesso em relação ao que já foi feito
até hoje, em especial no ensino
médio. "Houve um grande esforço para a universalização do ensino fundamental. Agora, esses alunos estão saindo da 8ª série e querem continuar, mas não há financiamento para os Estados ampliarem as vagas e todos estão chegando à exaustão", disse Lúcio Alcântara (PSDB-CE).
Participaram também do encontro Simão Jatene (PSDB-PA),
João Alves Filho (PFL-SE), Paulo
Souto (PFL-BA) e José Reinaldo
Tavares (PFL-MA), além de secretários da Educação de 11 Estados. Técnicos dos Ministérios da
Educação e da Articulação Política acompanharam a reunião.
Sem dinheiro, o governador do
Maranhão anunciou que irá congelar o número de vagas do ensino médio. O Estado deve R$ 24
milhões em salários a professores
temporários, que estão sem receber desde fevereiro.
"Formatura de 8ª série agora virou velório, porque ninguém
mais sabe se poderá continuar a
estudar", disse Maurício Quintela, secretário da Educação de Alagoas, que afirmou que também
não irá aumentar o número de vagas em 2005.
O pedido de auxílio emergencial foi feito em uma nota e justificado pelos governadores como a
única saída para a crise provocada
pelas perdas com o Fundef (fundo
de desenvolvimento do ensino
fundamental).
Para sustentar o Fundef, Estados e municípios são obrigados,
por lei, a destinar 15% da arrecadação de alguns tributos, como o
ICMS e o FPE (Fundo de Participação dos Estados), para o fundo.
Os governadores falam em perdas ao se referir aos aportes feitos
pelos Estados ao Fundef que são
redirecionados aos municípios, já
que grande parte do ensino fundamental foi municipalizada.
Com a criação do Fundeb, o governadores temem que a situação
se agrave.
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