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PF prende 9 em nova ação contra o tráfico
Os detidos são suspeitos de integrar a quadrilha internacional do colombiano Gustavo Durán Bautista, preso no sábado
O grupo enviava cocaína para a Europa escondida entre frutas exportadas; PF investiga ligação com megatraficante Abadía
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Menos de duas semanas após
a prisão de Juan Carlos Ramírez Abadía, um dos mais procurados traficantes do mundo, a
PF prendeu ontem nove pessoas suspeitas de integrar a
quadrilha internacional de tráfico de drogas do colombiano
Gustavo Durán Bautista -cujo
patrimônio está estimado em
US$ 100 milhões (aproximadamente R$ 200 milhões).
Morador de São Paulo, Bautista foi detido sábado, em Salto, no Uruguai, com 525 kg de
cocaína. Ele já era procurado
pela polícia boliviana por tráfico de drogas. Segundo a PF, seu
patrimônio inclui fazendas,
imóveis, aeronaves e veículos.
No total, entre sábado e ontem, 16 pessoas foram presas
pela Operação São Francisco
-sete em Salto-, nome dado
em alusão ao vale do rio, onde
ele tem duas fazendas de produção de frutas e peixes. As
propriedades seriam usadas
para camuflar o tráfico.
A operação foi deflagrada em
seis Estados -SC, BA, CE, SP,
RN e PE-, e as prisões aconteceram nos últimos três. Houve
cooperação entre as polícias de
países da América do Sul e da
Europa. Foram quatro anos de
investigações.
O destino principal da cocaína era a Holanda, mas a quadrilha também agia na Espanha,
Inglaterra e Portugal.
Entre os bens de Bautista estão o hangar Marreco, no Campo de Marte, em São Paulo, onde a polícia apreendeu um helicóptero e um avião.
Ele morava com a mulher e
dois filhos em uma casa de luxo
no Morumbi -bairro nobre na
zona oeste de São Paulo- vigiada por câmeras e com uma guarita, e se passava por um grande
produtor de frutas.
A quadrilha enviava cocaína
para a Europa escondida entre
frutas exportadas pela Mariad
Fruits Imp. & Exp., empresa de
propriedade de Bautista sediada em Juazeiro, na Bahia.
Além da área em Juazeiro, a
Mariad possui outra fazenda,
em Petrolina (PE). São 203
hectares com plantio de uva,
manga e melão.
De acordo com o delegado
Jaber Saadi, superintendente
da Polícia Federal em São Paulo, será investigado se Bautista
tem ligações com o megatraficante Juan Carlos Ramírez
Abadía, preso na semana passada em Aldeia da Serra (Grande
São Paulo).
"Um piloto que trabalhava
para ele [Bautista] também
operou com o Cartel Vale do
Norte, mas não podemos concluir nada ainda", disse Saadi.
A quadrilha buscava cocaína
na Colômbia e transportava a
droga, sempre de avião, para o
Uruguai. De lá, a droga vinha de
avião para o interior da Bahia e
do Ceará. Depois, era exportada de navio para a Europa.
A polícia uruguaia voltou a
tomar depoimentos ontem dos
sete presos em Salto.
A Justiça uruguaia pediu a
captura internacional de um
chileno de 48 anos que seria líder da quadrilha, segundo apurou a Folha. O seu nome não
foi divulgado para, segundo a
polícia, não prejudicar a investigação, assim como os nomes
dos dois brasileiros presos.
Colaborou RODRIGO RÖTZSCH, correspondente em Buenos Aires
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