São Paulo, terça-feira, 21 de agosto de 2007

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PF prende 9 em nova ação contra o tráfico

Os detidos são suspeitos de integrar a quadrilha internacional do colombiano Gustavo Durán Bautista, preso no sábado

O grupo enviava cocaína para a Europa escondida entre frutas exportadas; PF investiga ligação com megatraficante Abadía

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Menos de duas semanas após a prisão de Juan Carlos Ramírez Abadía, um dos mais procurados traficantes do mundo, a PF prendeu ontem nove pessoas suspeitas de integrar a quadrilha internacional de tráfico de drogas do colombiano Gustavo Durán Bautista -cujo patrimônio está estimado em US$ 100 milhões (aproximadamente R$ 200 milhões).
Morador de São Paulo, Bautista foi detido sábado, em Salto, no Uruguai, com 525 kg de cocaína. Ele já era procurado pela polícia boliviana por tráfico de drogas. Segundo a PF, seu patrimônio inclui fazendas, imóveis, aeronaves e veículos.
No total, entre sábado e ontem, 16 pessoas foram presas pela Operação São Francisco -sete em Salto-, nome dado em alusão ao vale do rio, onde ele tem duas fazendas de produção de frutas e peixes. As propriedades seriam usadas para camuflar o tráfico.
A operação foi deflagrada em seis Estados -SC, BA, CE, SP, RN e PE-, e as prisões aconteceram nos últimos três. Houve cooperação entre as polícias de países da América do Sul e da Europa. Foram quatro anos de investigações.
O destino principal da cocaína era a Holanda, mas a quadrilha também agia na Espanha, Inglaterra e Portugal. Entre os bens de Bautista estão o hangar Marreco, no Campo de Marte, em São Paulo, onde a polícia apreendeu um helicóptero e um avião.
Ele morava com a mulher e dois filhos em uma casa de luxo no Morumbi -bairro nobre na zona oeste de São Paulo- vigiada por câmeras e com uma guarita, e se passava por um grande produtor de frutas.
A quadrilha enviava cocaína para a Europa escondida entre frutas exportadas pela Mariad Fruits Imp. & Exp., empresa de propriedade de Bautista sediada em Juazeiro, na Bahia.
Além da área em Juazeiro, a Mariad possui outra fazenda, em Petrolina (PE). São 203 hectares com plantio de uva, manga e melão.
De acordo com o delegado Jaber Saadi, superintendente da Polícia Federal em São Paulo, será investigado se Bautista tem ligações com o megatraficante Juan Carlos Ramírez Abadía, preso na semana passada em Aldeia da Serra (Grande São Paulo).
"Um piloto que trabalhava para ele [Bautista] também operou com o Cartel Vale do Norte, mas não podemos concluir nada ainda", disse Saadi.
A quadrilha buscava cocaína na Colômbia e transportava a droga, sempre de avião, para o Uruguai. De lá, a droga vinha de avião para o interior da Bahia e do Ceará. Depois, era exportada de navio para a Europa.
A polícia uruguaia voltou a tomar depoimentos ontem dos sete presos em Salto.
A Justiça uruguaia pediu a captura internacional de um chileno de 48 anos que seria líder da quadrilha, segundo apurou a Folha. O seu nome não foi divulgado para, segundo a polícia, não prejudicar a investigação, assim como os nomes dos dois brasileiros presos.


Colaborou RODRIGO RÖTZSCH, correspondente em Buenos Aires


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