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EDUCAÇÃO
Estudo diz que 26% das instituições privadas já foram procuradas por agentes; das que não foram, 62% aceitam negociar
Ensino superior atrai fundo de investimento
LUIS RENATO STRAUSS
DA REPORTAGEM LOCAL
Investidores financeiros e fundos de investimento querem entrar no mercado do ensino superior. Isso é o que revela a pesquisa
realizada pelo Grupo CM de Consultoria Educacional. Cerca de
26% das instituições privadas do
ensino superior já foram procuradas por agentes nacionais e internacionais, revela o estudo.
Segundo a pesquisa, a iniciativa
também está sendo bem aceita
pelas universidades. Das instituições que ainda não foram procuradas pelos investidores, 62% declararam que teriam interesse em
negociar a sua participação.
Foram pesquisadas 70 instituições do ensino superior -20 de
grande porte (mais de 5.000 alunos), 30 de médio porte (de 1.000
a 5.000 alunos) e 20 de pequeno
porte (menos de mil alunos).
As empresas estrangeiras JP
Morgan Partners e Advent International, por exemplo, demostram interesse no mercado educacional brasileiro -o primeiro deverá investir US$ 570 milhões na
América Latina em diversas áreas
até 2006 e o segundo possui uma
carteira de US$ 265 milhões. A
empresa brasileira Pátria, por sua
vez, está captando recursos para
investir no setor de educação.
A idéia dos fundos é adquirir
parte da instituição, injetar recursos, participar da gestão, esperar o
negócio valorizar e, finalmente,
revender a sua parte.
Segundo Sérgio Wether Duque
Estrada, sócio-diretor da consultoria Valormax, o principal atrativo das universidades privadas é o
ganho de escala do negócio, pois
com uma mesma estrutura é possível multiplicar o número de estudantes pagantes.
O estudo aponta ainda que 49%
das entrevistadas receberam a
proposta de outras universidades
interessadas na aquisição ou na
fusão da instituição.
O mercado da educação
As portas para a lucratividade
no campo do ensino superior foram abertas a partir da LDB (Lei
de Diretrizes e Bases para a Educação), aprovada em 1996. Até
aquele momento, somente eram
admitidas no sistema empresas
sem fins lucrativos. Em 1996, havia 711 instituições particulares.
Segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais do MEC), em 1999,
58% da rede privada visava a lucratividade no setor -das 905
universidades privadas, 526 tinham fins lucrativos. No último
Censo do Ensino Superior, de
2001, a percentagem das lucrativas aumentou: 902 das 1.207 instituições privadas, 75% da rede.
O ensino superior movimenta
cerca de R$ 12 bilhões ao ano, emprega 200 mil pessoas -115 mil
acadêmicos e 85 mil na área administrativa-, e cada estudante paga, em média, R$ 6.000. Responsável por 2,1 milhões de matrículas do ensino superior do país em
2003, a rede privada atende 70%
do nível de ensino.
Ainda não houve nenhum negócio no setor. E o processo não
será tão fácil como imaginam alguns investidores e empresários
da educação, diz Ryon Braga, diretor do Grupo CM de Consultoria Educacional. "Os administradores de fundos começam a perceber que o mercado educacional
brasileiro ainda apresenta uma
gestão muito amadora e de pouca
transparência contábil. Esses obstáculos quase impossibilitam o
investimento de um fundo."
Para ele, é comum que os mantenedores supervalorizem o valor
das instituições e não aceitem
com facilidade os critérios usados
nas avaliações que medem o valor
de mercado da instituição.
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