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Fuvest teme ida à Justiça contra bônus social
Projeto da reitoria que acrescenta 3% à nota dos alunos da rede pública foi aprovado e vale para o próximo vestibular
Fuvest alertou reitoria sobre possibilidade de as medidas causarem contestações de candidatos oriundos
de escolas particulares
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Durante as discussões para a
implementação do bônus a estudantes da escola pública, a
Fuvest alertou a reitoria da
USP para o perigo de a medida
causar contestações judiciais.
Mesmo assim, o projeto foi
aprovado e vale já para o próximo processo seletivo.
A Fuvest é a fundação que organiza o vestibular da universidade e é vinculada à reitoria.
O problema apontado pela
fundação é que, pela primeira
vez desde a criação do exame,
em 1977, os candidatos não serão mais tratados de forma
igualitária na prova -quem estudou em escola pública terá
um acréscimo de 3% na nota da
primeira e da segunda fase.
No entendimento da Fuvest,
um candidato que fez o ensino
médio em escola particular e ficou fora da lista de aprovados
poderá se sentir discriminado e
contestar o vestibular.
"Era nosso dever alertar a
reitoria", disse à Folha Roberto
Costa, um dos coordenadores
do exame, que falou ontem sobre as mudanças na prova em
um congresso de educação,
promovido pelo sistema COC
de Ensino. "Mas não houve
atrito com a reitoria. Nosso papel é executar o que o reitor pede. É claro que eles já conheciam esse risco."
Apesar da possibilidade de
contestação, Costa diz não
acreditar que isso possa causar
problemas graves. "O aluno
que se inscreveu no exame
aceitou as regras da prova."
Na Unicamp, que concede
pontos a alunos de escola pública desde 2004, não houve
contestação até agora, afirma o
coordenador-executivo do vestibular, Leandro Tessler.
A pró-reitora de graduação
da USP, Selma Garrido Pimenta, foi procurada pela reportagem, mas não retornou até o fechamento desta edição.
Eleição
A inclusão de alunos da rede
pública na USP foi a principal
bandeira de campanha da atual
reitora, Suely Vilela, eleita no
ano passado. Ela pretende diminuir a desigualdade entre o
número de alunos no ensino
médio público (85%) e a quantidade desses estudantes que
conseguem ingressar na USP
(cerca de 25%).
O bônus de 3% foi a ação mais
visível de um pacote lançado
em maio pela reitora para diminuir a disparidade. Segundo simulações da instituição, o número de aprovados da rede pública deverá ser elevado para
30%. Outras mudanças foram a
diminuição no número de perguntas na primeira fase (de
cem para 90) e a reserva de nove questões de formulação interdisciplinar (que envolve
mais de uma disciplina).
O programa foi aprovado pelo Conselho Universitário (órgão máximo da instituição),
com 79 votos a favor, dois contra e seis abstenções. Mas as
mudanças causaram polêmica.
Quase cem docentes, incluindo
nomes como Henrique Fleming e Eunice Ribeiro Durhan,
assinaram um texto em que criticavam a "falta de definição
clara das regras do vestibular".
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