São Paulo, sexta-feira, 21 de setembro de 2007

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Carro virou extensão do corpo, diz especialista

THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA

O Brasil aboliu o "carro de passeio". Quem diz isso é a engenheira especialista em transporte público e organizadora do Dia Mundial Sem Carro no país, Liane Born, 46.
Para ela, a expressão se perdeu no passado. "Sou da época que a gente só pegava o automóvel para passear, não para se locomover [para qualquer lugar]. Hoje, o carro é sinônimo de status social. É uma extensão do próprio corpo, que povoa o imaginário do brasileiro. Quebrar isso é difícil." Ela fala na necessidade de consumo responsável do carro.
Amanhã, as 58 cidades que participam do Dia Mundial Sem Carro vão estimular que as pessoas deixem o carro em casa. Haverá ainda atividades culturais, medições de índices de poluição e debates.
Para a presidente da ONG Rua Viva, diferentemente da Europa, os municípios brasileiros foram projetados para o carro. "Na Europa, elas surgem sob os trilhos, uma outra lógica de mobilidade. Para mudar o atual panorama aqui, é preciso uma nova cultura."
Born diz que medidas restritivas podem ajudar a diminuir o caos nas ruas. Cita o exemplo de Barcelona, onde algumas vias aceitam só transporte público em determinados horários. Os rodízios de carros, como o de São Paulo, também são vistos como alternativa por ela.
Segundo ela, como um futuro sem automóveis não é possível, um dos caminhos é a tecnologia. "Além do biocombustível, é preciso tornar os carros mais leves e com consumo menor."
Para as grandes cidades, ela diz que o ideal é investir em metrô. "É o único transporte de massa não-poluente e que não gera conflito na circulação."
Ela critica o transporte público do país e afirma que o pedestre é deixado de lado.


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