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Carro virou extensão do corpo, diz especialista
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA
O Brasil aboliu o "carro de
passeio". Quem diz isso é a engenheira especialista em transporte público e organizadora
do Dia Mundial Sem Carro no
país, Liane Born, 46.
Para ela, a expressão se perdeu no passado. "Sou da época
que a gente só pegava o automóvel para passear, não para se
locomover [para qualquer lugar]. Hoje, o carro é sinônimo
de status social. É uma extensão do próprio corpo, que povoa o imaginário do brasileiro.
Quebrar isso é difícil." Ela fala
na necessidade de consumo
responsável do carro.
Amanhã, as 58 cidades que
participam do Dia Mundial
Sem Carro vão estimular que as
pessoas deixem o carro em casa. Haverá ainda atividades culturais, medições de índices de
poluição e debates.
Para a presidente da ONG
Rua Viva, diferentemente da
Europa, os municípios brasileiros foram projetados para o
carro. "Na Europa, elas surgem
sob os trilhos, uma outra lógica
de mobilidade. Para mudar o
atual panorama aqui, é preciso
uma nova cultura."
Born diz que medidas restritivas podem ajudar a diminuir
o caos nas ruas. Cita o exemplo
de Barcelona, onde algumas
vias aceitam só transporte público em determinados horários. Os rodízios de carros, como o de São Paulo, também são
vistos como alternativa por ela.
Segundo ela, como um futuro
sem automóveis não é possível,
um dos caminhos é a tecnologia. "Além do biocombustível, é
preciso tornar os carros mais
leves e com consumo menor."
Para as grandes cidades, ela
diz que o ideal é investir em
metrô. "É o único transporte de
massa não-poluente e que não
gera conflito na circulação."
Ela critica o transporte público do país e afirma que o pedestre é deixado de lado.
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