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São Paulo, terça-feira, 21 de outubro de 2003

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EDUCAÇÃO

Colégio havia anunciado fim das atividades há menos de um mês; reestruturação financeira quer triplicar número de alunos

São Bento, 100 anos, não vai mais fechar

DA REPORTAGEM LOCAL

Menos de um mês depois de ter anunciado que iria encerrar suas atividades em 2004, o Colégio São Bento, um dos mais tradicionais de São Paulo, selou um acordo financeiro para tentar sair da crise e continuar aberto.
O plano, negociado com empresas privadas não divulgadas pelo colégio, prevê metas a serem cumpridas anualmente, durante os próximos cinco anos. Segundo o reitor do São Bento, dom Hildebrando Brito de Miranda, 38, a ajuda "é uma espécie de fôlego financeiro". O religioso não revela o valor do acordo.
Para tentar contornar a grave crise financeira, o colégio vai reajustar as mensalidades em 20% para os alunos da 1ª ano do ensino fundamental ao 3º do ensino médio -que atualmente variam de R$ 450 a R$ 650. No ensino infantil, o aumento deve ser maior, de cerca de 40%.
A instituição planeja também quase triplicar o número de alunos, dos atuais 240 para algo entre 600 e 700, em um prazo de até cinco anos. No entanto a idéia é que as classes não tenham mais que 26 alunos. Podem ser criadas novas turmas, mas em algumas deve haver aumento do número de estudantes. Hoje existem salas de aula com apenas cinco alunos.
Aliado ao plano de reestruturação financeira, o São Bento anunciou ter fechado um acordo com a prefeitura para facilitar o acesso de carros ao largo em que fica o colégio, bem no centro de São Paulo. Dom Hildebrando afirma que "um dos problemas é a questão do acesso. O colégio sofreu muito em décadas anteriores com essa impossibilidade de um acesso adequado".
O Colégio São Bento completou cem anos de existência em 2003 e está afundado em uma crise há pelo menos três anos. A situação piorou neste ano, porque a inadimplência subiu para cerca de 30%. Nos anos anteriores, ficava abaixo de 20%. Com as finanças em desordem, o mantenedor do colégio, o Mosteiro de São Bento, chegou a ter de aplicar recursos próprios na entidade, em valor não divulgado. Em agosto deste ano, após uma reunião, os monges decidiram que não dava mais para continuar as atividades.
Com o acordo financeiro anunciado ontem, a esperança é que o São Bento sofra uma remodelação e se transforme em um "colégio católico de referência para São Paulo", segundo dom Hildebrando. Nas décadas anteriores, passaram pelo São Bento alunos como os políticos Prestes Maia e Franco Montoro e o escritor Oswald de Andrade, todos já mortos.


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