São Paulo, quinta-feira, 21 de outubro de 2004

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Por "respeito", Felipe viveu 20 min

DA REPORTAGEM LOCAL

O engenheiro Paulo Tominaga, 34, e sua mulher, Marcia, 33, agora estão felizes. Há quatro meses, tiveram Rafael, um menino alegre e saudável. Mas eles nunca esquecerão o dia 17 de junho do ano passado, quando nasceu o segundo filho do casal, a quem deram o nome de Felipe, um anencéfalo.
Felipe viveu apenas 20 minutos. Chegou a ser acariciado, já morto, pelo pai. "De touquinha, ele parecia uma criança normal", lembra Tominaga.
A descoberta da doença do filho aconteceu aos três meses de gestação. "Foi uma dor profunda, mas era filho do mesmo jeito", lembra.
Ao ser perguntado por que o casal resolveu dar prosseguimento à gestação, mesmo sabendo que o filho não sobreviveria, Tominaga responde com outra pergunta. "Por que o desprezaríamos?"
"O médico que diagnosticou a anencefalia do Felipe disse para a Marcia que havia a possibilidade de irmos à Justiça, para obter uma autorização de interrupção da gestação. Mas a Marcia não quis nem escutá-lo", diz o engenheiro. "O Felipe teria uma vida breve de todo modo. Que ela, curta como era, fosse pelo menos respeitada."
A família, que mora em Brasília, é católica. Mas o pai de Pedro Paulo, 3, e, recentemente, de Rafael diz que a religião não foi preponderante na decisão de levar até o fim a gestação de Felipe. "Nós não aceitamos que uma pessoa seja eliminada simplesmente porque não é da maneira como nós gostaríamos que fosse." (LC)


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