São Paulo, quinta-feira, 21 de outubro de 2004

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CRIME NA REDE

Quadrilha com 81 pessoas usava programas para descobrir senhas de contas bancárias havia dez meses

PF descobre golpe de R$ 80 mi pela internet

TIAGO ORNAGHI
DA AGÊNCIA FOLHA

A Polícia Federal realizou ontem a operação Cavalo de Tróia 2, deflagrada para prender 81 pessoas de uma quadrilha de hackers que agiam em quatro Estados furtando as senhas de contas de bancos pela internet para desviar dinheiro dos correntistas. Cerca de R$ 80 milhões foram movimentados pelo grupo em dez meses, segundo a PF. Até o início da noite, 53 pessoas haviam sido presas.
A quadrilha estava baseada em Belém e em Parauapebas (836 km da capital), no Pará, mas as ações do grupo se espalhavam também pelos Estados do Maranhão, Tocantins e Ceará. Até ontem à noite, os detidos estavam nas superintendências da Polícia Federal prestando depoimento.
Na operação, três carros e uma grande quantidade de computadores foram apreendidos com integrantes do grupo. Os computadores passarão por perícia para que a polícia examine os programas usados pela quadrilha para o desvio de dinheiro.
A partir da perícia, a Polícia Federal também procurará encontrar pistas sobre o caminho que o dinheiro tomou e tentará reavê-lo.
Os mandados de prisão foram expedidos pelo juiz federal Antônio Carlos Almeida Campello, da 4ª Vara Criminal de Belém, a pedido da Polícia Federal.
A operação é resultado de mais de um ano de investigações no Pará e dá continuidade às prisões realizadas durante a operação Cavalo de Tróia, lançada em novembro do ano passado.

Infectado
Para obter as senhas, a quadrilha enviava aos correntistas e-mails que continham o logotipo dos bancos. Ao serem executados os arquivos anexados a esses e-mails, o computador era infectado com um programa conhecido como Cavalo de Tróia.
Esse programa permanecia "invisível" no computador até que o usuário acessasse a página do banco no qual mantinha conta. Então, o programa copiava dados como números de agências, contas e senhas usados pelo correntista e os enviava para a quadrilha.
Outro método mais simples usado pelo bando era a chamada prática de "fishing". Por esse esquema, o grupo mandava e-mails com o logotipo dos bancos -a mensagem solicitava ao correntista que enviasse ao endereço do remetente dados atualizados da conta e as respectivas senhas. Apesar da facilidade, esse não era o sistema mais usado pelo grupo, segundo a Polícia Federal.


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