São Paulo, sábado, 21 de outubro de 2006

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Segurança confessa à polícia ter matado rapaz em shopping

Segundo delegado, funcionário do Iguatemi em Campinas afirmou ter sido agredido antes de ter atirado contra jovem

Roberto Aparecido Lopes foi preso e responderá por homicídio; crime ocorreu depois de grupo de amigos derrubar alguns cones

REGIANE SOARES
ENVIADA ESPECIAL A CAMPINAS

O segurança Roberto Aparecido Lopes, 28, se entregou ontem à polícia e confessou ter atirado em Rafael Silva de Paula, 26, na quarta-feira à noite, quando o jovem saía do Shopping Iguatemi, em Campinas, com mais cinco amigos.
Após depoimento, Lopes foi preso e indiciado por homicídio doloso (com intenção) por motivo fútil, porque, segundo o delegado Carlos Henrique Fernandes, teve uma reação desproporcional ao comportamento do jovem.
Rafael e os amigos haviam ido ao shopping na noite de quarta em três motos, para comprar ingressos para um show. Segundo testemunhas, o jovem recebeu um tiro no rosto durante discussão após ele e amigos terem derrubado alguns cones de sinalização.
O segurança ficará preso temporariamente por quinze dias, segundo decisão do juiz Maurício Henrique Guimarães Pereira, de Campinas.
Segundo o delegado seccional Marcos Galli Kasseb, o segurança admitiu que atirou "por nervosismo", em razão da discussão com os jovens.
Ainda de acordo com Kasseb, Lopes disse que efetuou apenas um disparo, quando já estava fora do shopping, e disse que outro segurança, cujo nome não foi revelado, teria dado um tiro de advertência.
Kasseb afirmou que, em seu depoimento, Lopes disse ter chegado "às vias de fato". "O segurança afirmou que houve agressão física entre ele e os jovens e que foram sucessivas discussões com tapas e chutes".
Porém, segundo o advogado do shopping, Ralph Tórtima Filho, a versão contada por Lopes difere das imagens gravadas pelo circuito interno do Iguatemi. Segundo o advogado, o vídeo não mostra agressão, "só um desentendimento com ânimos aquecidos de ambas as partes". A pedido da polícia, o advogado entregou cópia das imagens e uma relação com os nomes dos seguranças que trabalhavam na noite do crime -aproximadamente 15.
Segundo Tórtima, que viu as imagens, o segurança estava sozinho quando se aproximou dos jovens, que se voltaram em direção a ele. "O segurança recuou e tentou expor alguma coisa aos jovens, e novamente se viu cercado. Foi nesse momento que ele solicitou o reforço", conta o advogado.
Lopes chegou à delegacia por volta das 15h30, acompanhado de seu advogado, José Pedro Said Jr. Said disse que espera uma decisão justa porque seu cliente "não é um criminoso. É mais um pai de família trabalhador". "Respeitamos a dor da família [de Rafael], mas o que aconteceu foi um ato isolado."


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