São Paulo, quarta, 21 de outubro de 1998 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice POLÍCIA Decisão foi tomada após motim em Casa Branca e valerá nos demais presídios novos inaugurados pelo Estado SP cobra de preso dano causado em rebelião
LILIAN CHRISTOFOLETTI
A Secretaria da Administração
Penitenciária vai obrigar os presos
que se rebelaram anteontem na
penitenciária de Casa Branca (a
265 km de São Paulo) a pagarem
os danos causados no pavilhão 2.
Essa foi a primeira rebelião
ocorrida desde que a penitenciária
foi inaugurada pelo governo do
Estado há exatamente dois meses.
Segundo a secretaria, esse procedimento será adotado em todas as
novas penitenciárias.
Durante as seis horas de rebelião, os presos quebradas fechaduras, camas e atearam fogo nos colchões. O valor do prejuízo não foi
calculado pela secretaria.
De acordo com o diretor da
Coesp (Coordenadoria dos Estabelecimentos Penitenciários do
Estado de São Paulo), Lourival
Gomes, será aberta uma sindicância interna para apurar quais dos
80 presos do pavilhão participaram do tumulto.
Na sindicância, serão ouvidos os
sete funcionários que ficaram como reféns e será analisada uma fita de vídeo gravada pelo circuito
interno de TV. "Eles terão de pagar pelos prejuízos e vão responder a um inquérito criminal, que
pode aumentar a pena de cada
um", afirmou Gomes.
O ressarcimento será possível
porque os 497 presos de Casa
Branca trabalham em uma oficina
de blocos de concreto, ganhando
de R$ 90 a R$ 100 por mês.
A partir do próximo mês, o custo para a recuperação do pavilhão
será descontado. "É uma forma
de coibir novas rebeliões e de
mostrar que tudo tem um valor",
disse Gomes, que afirmou que a lei
brasileira permite esse desconto.
Segundo Gomes, a rebelião começou porque os presos não aceitaram a transferência de quatro
homens condenados por estupro,
que estavam em cadeias públicas
da Baixada Santista.
Para evitar que os detentos agredissem os transferidos, a direção
da penitenciária colocou os cinco
presos considerados líderes em
celas solitárias. A medida causou
revolta e a direção acatou o pedido
dos presos, separando os transferidos para uma ala especial.
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