|
Texto Anterior | Índice
ADMINISTRAÇÃO
Pleito seria motivo para prefeitura não fiscalizar
Camelôs voltam ao centro de São Paulo por causa das eleições
da Reportagem Local
Os camelôs de São Paulo prometem ocupar aos poucos e diariamente ruas do centro da cidade,
onde estão proibidos de trabalhar.
Eles acreditam que não haverá repressão por causa das eleições. Para hoje, eles anunciam a ocupação
do calçadão da ladeira General
Carneiro.
Segundo o secretário de organização do Sindicato dos Trabalhadores da Economia Informal (Sintein), Marcos Antonio Maldonado, o momento pré-eleitoral é favorável à ocupação das ruas.
"Não acreditamos em atos violentos de retirada por parte da prefeitura porque eles não querem se
desgastar agora", disse Maldonado, que se tornou uma liderança
entre os camelôs depois da retirada dos ambulantes da avenida
Paulista, em julho do ano passado.
"A idéia é gradativamente retomar as ruas do centro", disse.
Os camelôs se aproximam de
pontos de onde vem sendo retirados desde o ano passado.
Ontem, a reportagem encontrou
ambulantes nas imediações das
praças da República e da Sé e da
avenida Paulista. A quantidade de
produtos e o tamanho das barracas é menor e os camelôs mudam-se constantemente de acordo
com os movimentos dos fiscais.
O plano dos camelôs começou a
ser implantado na noite de anteontem. Um grupo de 30 ambulantes, a maioria deficientes físicos, foi para o viaduto do Chá e
deixou barracas no local.
Na manhã de ontem, os camelôs
já eram 50, as barracas estavam
prontas e era grande o aparato de
fiscalização, com grande número
de guardas municipais.
À tarde, por volta das 17h, a situação era inversa. Os camelôs
ocupavam um lado inteiro do viaduto, vendendo vários tipos de
produtos e os deficientes já não
eram a maioria. A Guarda Municipal já havia se retirado.
Os camelôs reclamam que não
conseguem vender nos bolsões
instalados em diferentes pontos
do centro o mesmo que conseguiam em seus pontos originais.
O ex-segurança Valmor Gonçalves de Oliveira, 42, que ficou paraplégico ao ser baleado em um assalto, é camelô desde 85. Ano passado, ele foi proibido de trabalhar
em seu antigo ponto, na rua Dom
José de Barros, perto da avenida
São João, e se transferiu para o
bolsão da ladeira Porto Geral.
"Lá tem uns 600 ambulantes e
eu não vendo nada", disse Oliveira, que afirma que apura cerca de
R$ 2 a R$ 2,50 por dia nos bolsões.
"Só sai bala e docinhos. O pessoal
que passa lá (na ladeira) é muito
pobre".
O camelô afirma que vendia cerca de R$ 70 por dia em camisetas e
doces no ponto antigo. Segundo
Maldonado, casos como o de Oliveira mostram que a experiência
dos bolsões não vem dando certo.
"Queremos uma reunião com o
Savelli e o Pitta para reavaliarmos
a questão", diz. Segundo Maldonado, os "Pop Centers", shoppings de lojas pequenas que podem ser ocupadas por camelôs são
uma boa alternativa.
"Mas precisamos de mais locais", diz. Atualmente só existe
um Pop Center, no Brás.
(MO)
Texto Anterior | Índice
|