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CASO PEDRINHO
Em depoimento, irmão de mãe adotiva disse que, na época do sequestro, ela levou um bebê de Brasília para Goiânia
Polícia acusa Vilma, mas não a indicia
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de se dizer "convicto" de
que Vilma Martins Costa, mãe de
criação de Oswaldo Martins Júnior (chamado de Pedrinho pelos
pais biológicos), é a mulher que o
sequestrou ainda bebê numa maternidade de Brasília, o delegado
que preside o inquérito, Hertz
Andrade Santos, disse ontem que
não irá indiciá-la pelo crime.
A Polícia Civil do Distrito Federal informou que as investigações
sobre o caso estão encerradas e
que o inquérito irá para o Ministério Público até amanhã.
O último depoimento, de um irmão de Vilma, foi tomado na noite de anteontem. Sinfrônio Martins Costa, 45, afirmou que foi
com a irmã para Brasília "na época" do sequestro de Pedrinho e
que ela voltou para Goiânia com
um bebê no colo.
Na presença da promotora
goiana Marta Maia de Menezes,
Sinfrônio disse que "Vilma trazia
consigo uma criança recém-nascida" ao entrar no carro. Ele disse
ainda que perguntou sobre o bebê, mas a irmã não respondeu. Os
dois teriam brigado e ficado anos
sem se falar.
A promotora Ana Cláudia Magalhães, 34, que acompanha as
buscas há quatro anos, disse não
saber se o caso será arquivado ou
se será feita a denúncia ao Judiciário. A dúvida é se há instrumentos
jurídicos para processar Vilma.
Pedrinho foi levado do quarto
de sua mãe biológica, Maria Auxiliadora Braule Pinto, também
chamada de Lia, logo após seu
nascimento e ficou desaparecido
por quase 17 anos. No começo
deste mês, após um exame de
DNA confirmar que Oswaldo Júnior era Pedrinho, Lia teria reconhecido Vilma como a mulher
que levou seu filho.
Processo
A partir do recebimento do inquérito, a promotora Ana Cláudia
Magalhães terá 15 dias para decidir se arquiva ou não o caso.
Segundo ela, existe a possibilidade de enquadrar a mãe de criação de Pedrinho nos crimes de
privação de liberdade ou de subtração de incapaz. Há entendimento no Judiciário, porém, de
que o delito de subtração estaria
prescrito, ou seja, Vilma não poderia ser punida.
No caso da privação de liberdade, a Promotoria teria de provar
que Pedrinho foi mantido em
Goiânia contra a vontade.
A pena para os crimes é relativamente baixa, de 2 meses a 2 anos
para subtração e 2 anos a 5 anos
para privação de liberdade.
Vilma pode ser incriminada pelo registro falso de nascimento,
feito em Mararosa (GO). Mas, para isso, Magalhães teria de arquivar o processo em Brasília, e o Ministério Público de Goiás, solicitar
os documentos.
A Agência Folha tentou localizar o advogado de Vilma ontem,
Ezízio Barbosa, mas ele não foi
encontrado. Anteontem, Barbosa
disse que "pessoas fazem afirmações que não correspondem à realidade, muitas vezes por desavenças familiares".
Ontem de manhã, cerca de quarenta estudantes de 10 a 13 anos se
reuniram em frente à casa da família de Vilma e, durante cerca de
30 minutos, gritaram e chamaram
por Pedrinho.
A Polícia Militar foi chamada
pelas irmãs de Pedrinho e dispersou os estudantes.
Colaborou a Agência Folha
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