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ABORDAGEM SUSPEITA
Autor de disparos se assustou ao ver a arma da vítima; família diz que houve omissão de socorro
Delegado leva 4 tiros de PM em Carapicuíba
ALEXANDRE HISAYASU
DA REPORTAGEM LOCAL
Um policial militar disparou pelo menos quatro tiros contra o delegado Sérgio Luditza, 43, na noite
de anteontem, em Carapicuíba,
na Grande São Paulo, por suspeitar que ele fosse um criminoso.
Internado no hospital da cidade,
ele não corre risco de morte.
O delegado estava em seu carro,
parado em uma rua, quando um
grupo de PMs o abordou. Ao descer do veículo, com sua arma na
cintura, um dos policiais, que não
teve o nome revelado, se assustou
e atirou contra Luditza.
A Secretaria da Segurança Pública do governo Geraldo Alckmin (PSDB), por meio de sua assessoria, disse que as polícias Civil
e Militar iniciaram investigações
sobre o caso. A assessoria não
afirmou se os policiais militares
foram identificados nem se foi tomada alguma providência administrativa contra eles.
Primeira versão
Existem duas versões para o caso. Segundo familiares de Luditza
-que conversaram com ele no
hospital-, por volta das 21h, o
delegado voltava para sua casa, na
Granja Viana, em Cotia, após passar em uma oficina mecânica em
Carapicuíba, e parou em frente a
um bar na estrada da Fazendinha
para comprar cigarros.
Ao voltar para o carro, ainda de
acordo com os seus familiares, o
seu isqueiro caiu e ele o estava
procurando quando os PMs chegaram no local.
Os policiais, com armas em punho, mandaram o delegado sair
do veículo, um Gol. Luditza obedeceu, mas acabou baleado. Um
dos PMs começou a atirar ao ver a
arma do delegado em sua cintura.
Ele foi atingido no rosto, no abdômen, na perna esquerda e no
braço direito. Outros três disparos teriam sido dados contra Luditza, mas não o atingiram.
Policiais militares de um outro
veículo, segundo os familiares, o
socorreram. O delegado recebeu
atendimento primeiro em um
pronto-socorro da região. Em seguida, foi transferido para o Hospital Sanatorinhos, no centro de
Carapicuíba.
"O meu irmão chegou a gritar
para que o PM parasse de disparar porque ele era delegado. Os
policiais saíram do local sem prestar socorro. É um absurdo. Quem
o atendeu foram outros PMs que
passaram por lá, e um deles o reconheceu. Ele não morreu porque
Deus é muito bom", disse a irmã
do delegado, a oficial de Justiça
Sueli Luditza.
Segunda versão
Na outra versão, Luditza parou
no local para descansar, pois vinha de uma investigação em que
ficou dois dias sem dormir, de
acordo com o delegado Marco
Antonio de Paula, que responde
interinamente pela direção do
Demacro (departamento responsável pelas delegacias da Grande
São Paulo).
"Quando ele parou o carro para
cochilar, um dos moradores da
região desconfiou e chamou a
PM. Um dos policiais militares
pediu que ele saísse do veículo,
mas se assustou quando viu a arma em sua cintura e atirou", explicou De Paula. Ele classificou a
ação "como um erro que pode
ocorrer e que os policiais agiram
dentro da legalidade".
Uma investigação da Polícia Civil apurará se houve excesso do
policial. Ao mesmo tempo, uma
sindicância administrativa da PM
investigará o caso.
O policial responsável pelos disparos foi quem apresentou o caso
no 1º DP de Carapicuíba, segundo
De Paula. As armas do PM e do
delegado Luditza foram apreendidas e irão passar por uma perícia técnica. Não há indícios de que
o delegado baleado tenha feito
disparos.
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