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FORA DO AR
Programação especial é suspensa em protesto por causa da a crise financeira; instituição reabre amanhã
Museu afro fecha as portas em Dia da Consciência Negra
DA REPORTAGEM LOCAL
No fervilhar de eventos deste
fim de semana, com a Virada Cultural e o Dia da Consciência Negra, o Museu Afro Brasil fez do silêncio a sua forma de chamar a
atenção. A programação prevista
foi suspensa e o museu passou o
domingo com as portas fechadas.
A medida representou um protesto contra a crise financeira pela
qual passa a instituição, instalada
no parque Ibirapuera, zona sul de
São Paulo.
O museu acumula uma dívida
de aproximadamente R$ 80 mil e
os funcionários estão com salários atrasados desde agosto,
quando chegou ao fim o patrocínio de R$ 4,2 milhões que o museu havia recebido da Petrobras,
afirma Emanoel Araújo, idealizador e curador do local, inaugurado no ano passado.
Como o museu foi criado por
decreto, ele não teve verba prevista no orçamento deste ano. Apesar da crise, o museu não foi fechado definitivamente. Amanhã,
ele reabre as portas.
Atrações canceladas
Para o último fim de semana, estava prevista a realização de duas
atrações especiais, canceladas por
falta de verba.
A primeira era uma exposição
sobre o caricaturista português
Rafael Bordallo Pinheiro e José do
Patrocínio, conhecido como o
jornalista da abolição.
A outra atração era uma apresentação de maracatu, marcada
para a 0h de ontem. Era uma representação da "Noite dos Tambores Silenciosos" -cerimônia
ritualística realizada no Carnaval,
em Recife (PE).
Araújo disse que o governo pernambuco ofereceu o transporte e
o cachê dos artistas, cabendo ao
museu arcar com a hospedagem e
alimentação. Ainda assim, não foi
possível trazer o espetáculo.
O prefeito José Serra (PSDB)
prometeu repassar R$ 500 mil ao
museu por meio da Secretaria da
Educação ainda este ano, afirma o
curador, mas o dinheiro ainda
não foi dado. Para 2006, ainda segundo Araújo, está prevista a entrega de R$ 1,2 milhão.
A assessoria da Secretaria Municipal da Cultura afirmou que essa verba está sob responsabilidade das secretarias da Educação e
de Participação e Parceria e que
não tem mais nada a ver com o
museu. A reportagem não conseguiu encontrar representantes
dessas duas pastas ontem.
Araújo planeja transformar o
museu em Oscip (organização da
sociedade civil de interesse público) para captar verba com governos (municipal, estadual e federal) e iniciativa privada.
O curador, que foi secretário da
Cultura no início da gestão Serra e
saiu brigado do governo, disse
que não destinou verba ao museu
na época porque a situação dele
ainda não era emergencial.
"Passei cem dias tumultuados.
Não pude cuidar de nada além
dos contratos dos funcionários
dos CEUs, do Teatro Municipal
etc. O museu estava, num certo
sentido, resolvido, pois ainda tinha patrocínio."
(AMARÍLIS LAGE)
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