São Paulo, segunda-feira, 21 de novembro de 2005

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FORA DO AR

Programação especial é suspensa em protesto por causa da a crise financeira; instituição reabre amanhã

Museu afro fecha as portas em Dia da Consciência Negra

DA REPORTAGEM LOCAL

No fervilhar de eventos deste fim de semana, com a Virada Cultural e o Dia da Consciência Negra, o Museu Afro Brasil fez do silêncio a sua forma de chamar a atenção. A programação prevista foi suspensa e o museu passou o domingo com as portas fechadas. A medida representou um protesto contra a crise financeira pela qual passa a instituição, instalada no parque Ibirapuera, zona sul de São Paulo.
O museu acumula uma dívida de aproximadamente R$ 80 mil e os funcionários estão com salários atrasados desde agosto, quando chegou ao fim o patrocínio de R$ 4,2 milhões que o museu havia recebido da Petrobras, afirma Emanoel Araújo, idealizador e curador do local, inaugurado no ano passado.
Como o museu foi criado por decreto, ele não teve verba prevista no orçamento deste ano. Apesar da crise, o museu não foi fechado definitivamente. Amanhã, ele reabre as portas.

Atrações canceladas
Para o último fim de semana, estava prevista a realização de duas atrações especiais, canceladas por falta de verba.
A primeira era uma exposição sobre o caricaturista português Rafael Bordallo Pinheiro e José do Patrocínio, conhecido como o jornalista da abolição.
A outra atração era uma apresentação de maracatu, marcada para a 0h de ontem. Era uma representação da "Noite dos Tambores Silenciosos" -cerimônia ritualística realizada no Carnaval, em Recife (PE).
Araújo disse que o governo pernambuco ofereceu o transporte e o cachê dos artistas, cabendo ao museu arcar com a hospedagem e alimentação. Ainda assim, não foi possível trazer o espetáculo.
O prefeito José Serra (PSDB) prometeu repassar R$ 500 mil ao museu por meio da Secretaria da Educação ainda este ano, afirma o curador, mas o dinheiro ainda não foi dado. Para 2006, ainda segundo Araújo, está prevista a entrega de R$ 1,2 milhão.
A assessoria da Secretaria Municipal da Cultura afirmou que essa verba está sob responsabilidade das secretarias da Educação e de Participação e Parceria e que não tem mais nada a ver com o museu. A reportagem não conseguiu encontrar representantes dessas duas pastas ontem.
Araújo planeja transformar o museu em Oscip (organização da sociedade civil de interesse público) para captar verba com governos (municipal, estadual e federal) e iniciativa privada.
O curador, que foi secretário da Cultura no início da gestão Serra e saiu brigado do governo, disse que não destinou verba ao museu na época porque a situação dele ainda não era emergencial.
"Passei cem dias tumultuados. Não pude cuidar de nada além dos contratos dos funcionários dos CEUs, do Teatro Municipal etc. O museu estava, num certo sentido, resolvido, pois ainda tinha patrocínio."
(AMARÍLIS LAGE)


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