São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 2006

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"Resistam", diz ministro a controladores

Para Waldir Pires (Defesa), operador de vôo que não agüentar fisicamente não deve trabalhar, o oposto do que quer a Aeronáutica

Endurecimento defendido pelos militares e autorizado pelo presidente Lula já teve aquartelamento e inclui a negativa a licenças médicas

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Defesa, Waldir Pires, defendeu ontem os controladores de tráfego aéreo de Brasília que são alvo de IPM (Inquérito Policial Militar) por atuação sindical -vedada aos militares- e aconselhou a categoria a "ser forte" e a "resistir". Segundo ele, os controladores que não conseguirem agüentar a pressão do ponto de vista físico não devem trabalhar, para preservar a segurança aérea.
Ambas as posições vão contra o comando da Aeronáutica, que ganhou recentemente a queda-de-braço na crise aérea e obteve aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para endurecer contra a operação-padrão no setor. Além do processo administrativo interno que resultou no IPM, controladores chegaram a ser aquartelados e licenças médicas foram negadas.
Indagado se a ABCTA (Associação Brasileira de Controladores de Tráfego Aéreo) atuou como sindicato, Pires afirmou: "A associação não. Absolutamente". Para ele, foi o sindicato que representa a pequena fração de controladores civis que exerceu papel reivindicatório.
"Eles [controladores militares] não fizeram reivindicações. Foram cuidadosos e falaram sempre em aspirações. Espero que sejam fortes. Daria esse conselho a eles: sejam fortes. Somos cada vez mais dignos da vida quando mais nós podemos resistir e tocar para diante."
E completou: "Se por acaso o físico não resistir, então não trabalham. Mas creio que somos capazes de resistir a muita coisa quando estamos mobilizados por dentro".
Pires foi um dos primeiros aliados dos operadores ao estourar a crise. Falou com o sargento Wellington Rodrigues, presidente da ABCTA e alvo do IPM, e em seguida declarou publicamente sua solidariedade às dificuldades da categoria.
O ministro disse ontem que "vamos transigir no que for possível transigir, mas jamais na segurança de vôo". Controladores alegam que trabalhar sob coação, ameaça e dificuldades de saúde por estresse pode afetar a segurança aérea. Após o acidente do vôo da Gol, há relatos de pelo menos uma quase-colisão, por falha de controle aéreo ligado às medidas tomadas para gerir a crise no setor.
Ontem, a Polícia Federal começou a tomar depoimento dos 13 controladores que estavam de plantão no dia do acidente, três de São José dos Campos e dez de Brasília, dos quais apenas um foi ouvido.


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