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"Resistam", diz ministro a controladores
Para Waldir Pires (Defesa), operador de vôo que não agüentar fisicamente não deve trabalhar, o oposto do que quer a Aeronáutica
Endurecimento defendido pelos militares e autorizado pelo presidente Lula já teve aquartelamento e inclui a negativa a licenças médicas
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Defesa, Waldir
Pires, defendeu ontem os controladores de tráfego aéreo de
Brasília que são alvo de IPM
(Inquérito Policial Militar) por
atuação sindical -vedada aos
militares- e aconselhou a categoria a "ser forte" e a "resistir".
Segundo ele, os controladores
que não conseguirem agüentar
a pressão do ponto de vista físico não devem trabalhar, para
preservar a segurança aérea.
Ambas as posições vão contra o comando da Aeronáutica,
que ganhou recentemente a
queda-de-braço na crise aérea e
obteve aval do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva para endurecer contra a operação-padrão
no setor. Além do processo administrativo interno que resultou no IPM, controladores chegaram a ser aquartelados e licenças médicas foram negadas.
Indagado se a ABCTA (Associação Brasileira de Controladores de Tráfego Aéreo) atuou
como sindicato, Pires afirmou:
"A associação não. Absolutamente". Para ele, foi o sindicato
que representa a pequena fração de controladores civis que
exerceu papel reivindicatório.
"Eles [controladores militares] não fizeram reivindicações. Foram cuidadosos e falaram sempre em aspirações. Espero que sejam fortes. Daria esse conselho a eles: sejam fortes.
Somos cada vez mais dignos da
vida quando mais nós podemos
resistir e tocar para diante."
E completou: "Se por acaso o
físico não resistir, então não
trabalham. Mas creio que somos capazes de resistir a muita
coisa quando estamos mobilizados por dentro".
Pires foi um dos primeiros
aliados dos operadores ao estourar a crise. Falou com o sargento Wellington Rodrigues,
presidente da ABCTA e alvo do
IPM, e em seguida declarou publicamente sua solidariedade
às dificuldades da categoria.
O ministro disse ontem que
"vamos transigir no que for
possível transigir, mas jamais
na segurança de vôo". Controladores alegam que trabalhar
sob coação, ameaça e dificuldades de saúde por estresse pode
afetar a segurança aérea. Após
o acidente do vôo da Gol, há relatos de pelo menos uma quase-colisão, por falha de controle
aéreo ligado às medidas tomadas para gerir a crise no setor.
Ontem, a Polícia Federal começou a tomar depoimento
dos 13 controladores que estavam de plantão no dia do acidente, três de São José dos
Campos e dez de Brasília, dos
quais apenas um foi ouvido.
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