São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 2006

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Serra promete "dureza" contra o crime

Ao fazer o anúncio oficial do novo secretário da Segurança, Ronaldo Marzagão, ele disse que direitos humanos serão respeitados

Setores da polícia apoiaram a escolha feita pelo futuro governador, vista como sinal de criação de um núcleo de combate à criminalidade

DA REPORTAGEM LOCAL

Apontada como uma das pastas mais importantes do governo paulista, principalmente após as três ondas de ataques promovidas pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), a Segurança Pública na gestão de José Serra, segundo ele próprio, será marcada pela "dureza contra o crime e pelo respeito aos direitos humanos".
Ao comentar a nomeação de Ronaldo Marzagão, Serra disse que o currículo do novo secretário e "um processo de consultas muito subjetivo" nortearam a sua escolha.
A definição de Marzagão e a manutenção de Antonio Ferreira Pinto na Secretaria da Administração Penitenciária reforçam a adoção de uma linha-dura contra o crime, principalmente contra o PCC.
Marzagão e Ferreira Pinto integram um grupo formado na PM paulista conhecido pela defesa da linha-dura na segurança. Os dois fazem parte de um grupo de ex-PMs e ex-promotores do qual também faz parte o deputado federal Luiz Antônio Fleury (PTB), ex-secretário da Segurança e ex-governador de São Paulo.
Ferreira Pinto, ao substituir Nagashi Furukawa -considerado de uma linha mais liberal-, implantou um regime mais rígido nas cadeias para enfraquecer o PCC. Quando assumiu, ele disse que ficaria poucos meses no cargo, mas a ação mais dura gerou apoio dos agentes penitenciários.
Segundo o presidente do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional de São Paulo, a permanência de Ferreira Pinto e a expectativa de um regime rígido na pasta da Segurança deixaram os agentes "mais motivados". "A antiga gestão negociava muito com os presos da facção criminosa", disse.
A escolha de Marzagão também teve apoio de setores da polícia. "A idéia de montar um núcleo para combater o crime é boa. Mas não adianta só prometer a linha-dura se não reorganizar a polícia", reforçou Paulo Siquetto, ex-presidente do Sindicato dos Delegados de São Paulo e atual secretário-geral da Associação de Assistência ao Policial Civil.
Para o advogado Hélio Bicudo, presidente da Fundação Interamericana de Defesa dos Direitos Humanos, a expectativa de uma linha-dura é preocupante. "Se for implantada uma linha ainda mais dura, nós estamos perdidos", afirma Bicudo. "Um sistema mais rígido não vai ser a saída para os problemas de São Paulo."


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