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Serra promete "dureza" contra o crime
Ao fazer o anúncio oficial do novo secretário da Segurança, Ronaldo Marzagão, ele disse que direitos humanos serão respeitados
Setores da polícia apoiaram a escolha feita pelo futuro governador, vista como sinal de criação de um núcleo de combate à criminalidade
DA REPORTAGEM LOCAL
Apontada como uma das pastas mais importantes do governo paulista, principalmente
após as três ondas de ataques
promovidas pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), a Segurança Pública na gestão de
José Serra, segundo ele próprio, será marcada pela "dureza
contra o crime e pelo respeito
aos direitos humanos".
Ao comentar a nomeação de
Ronaldo Marzagão, Serra disse
que o currículo do novo secretário e "um processo de consultas muito subjetivo" nortearam
a sua escolha.
A definição de Marzagão e a
manutenção de Antonio Ferreira Pinto na Secretaria da Administração Penitenciária reforçam a adoção de uma linha-dura contra o crime, principalmente contra o PCC.
Marzagão e Ferreira Pinto
integram um grupo formado na
PM paulista conhecido pela defesa da linha-dura na segurança. Os dois fazem parte de um
grupo de ex-PMs e ex-promotores do qual também faz parte
o deputado federal Luiz Antônio Fleury (PTB), ex-secretário
da Segurança e ex-governador
de São Paulo.
Ferreira Pinto, ao substituir
Nagashi Furukawa -considerado de uma linha mais liberal-, implantou um regime
mais rígido nas cadeias para enfraquecer o PCC. Quando assumiu, ele disse que ficaria poucos meses no cargo, mas a ação
mais dura gerou apoio dos
agentes penitenciários.
Segundo o presidente do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional de São Paulo, a
permanência de Ferreira Pinto
e a expectativa de um regime rígido na pasta da Segurança deixaram os agentes "mais motivados". "A antiga gestão negociava muito com os presos da
facção criminosa", disse.
A escolha de Marzagão também teve apoio de setores da
polícia. "A idéia de montar um
núcleo para combater o crime é
boa. Mas não adianta só prometer a linha-dura se não reorganizar a polícia", reforçou Paulo
Siquetto, ex-presidente do Sindicato dos Delegados de São
Paulo e atual secretário-geral
da Associação de Assistência ao
Policial Civil.
Para o advogado Hélio Bicudo, presidente da Fundação Interamericana de Defesa dos Direitos Humanos, a expectativa
de uma linha-dura é preocupante. "Se for implantada uma
linha ainda mais dura, nós estamos perdidos", afirma Bicudo.
"Um sistema mais rígido não
vai ser a saída para os problemas de São Paulo."
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