São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 2006

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Homem acusado de matar idosos ouve gritos de "assassino"

Na reconstituição do crime no Sumaré, vizinhos tentam agredir rapaz, que disse ter tentado furtar dinheiro para pagar seu IPTU

Detido pulou muro de três imóveis até o local do crime; polícia foi chamada pela irmã dele, que viu, da rua, os golpes em aposentado

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

As mesmas pessoas que antes chamavam Luiz Eduardo Cirino, 29, pelo apelido de Semente passaram a gritar ontem "assassino" para o desempregado durante a reconstituição do crime contra um casal de aposentados, seus vizinhos de fundo, que ele confessou ter esfaqueado na última sexta-feira, no Sumaré, zona oeste de São Paulo.
"Você vai morrer, desgraçado", gritava Wilson Batista Jark, 62, morador do bairro.
E por pouco o acusado de latrocínio (roubo seguido de morte) não foi agredido por cerca de 300 pessoas. Policiais tiveram de escoltá-lo num trecho de 100 m que separa a bela residência de suas vítimas, Sebastião Esteves Tavares, 71, e sua mulher, Hilda Gonçalves Tavares, 67, na rua Cayowaá, da modesta casa dele, na Havaí.
Após três horas de reconstituição, Cirino mostrou à polícia como saiu do local, onde morava com a mãe e irmãs. Às 2h da sexta passada, pulou os muros de três imóveis vizinhos e chegou ao telhado dos Tavares.
Com isso, a polícia descartou a participação do filho do casal, Rogério Gonçalves Tavares, 42, no crime. "O acusado agiu sozinho", disse o delegado José Vinciprova, do departamento de homicídios. Rogério havia sido considerado suspeito.
Cirino atacou às 6h. A primeira vítima foi Hilda, depois seu marido. Na seqüência, amarrou Rogério, esfaqueado na nuca, e a avó deste, Isaura da Purificação Gonçalves, 93.
À polícia Cirino falou que não pretendia matar o casal, mas furtar dinheiro deles para pagar o IPTU da sua casa. Ele não levou nada. "Ele se entregou porque lembrou da mulher morrendo em seus braços", disse seu advogado, Yvan Miguel.
Fã de revista em quadrinhos e filmes de terror, o indiciado usou uma máscara, inspirada no personagem Jason, do filme "Sexta-feira 13", uma faca e um rolo de fita crepe na sua ação.
A irmã de Cirino, Thaiara, 18, foi quem viu Sebastião ser esfaqueado e chamou a polícia. Ela não sabia que o agressor era seu irmão. Com medo, Cirino revelou o crime à sua mãe, que o orientou a confessá-lo a um padre. Coincidentemente, ele procurou anteontem a mesma igreja freqüentada pelo casal. De lá, entregou-se à PM.
Cirino já havia ficado preso sete meses por roubo à carro. Agora teve a prisão temporária decretada. Em sua casa, foram apreendidos uma espada e uma TV de um antigo furto que fez.


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