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Mano Brown e o líder dos Panteras Negras protestam contra terrorismo estatal
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A reunião, organizada pelo
Núcleo de Desenvolvimento
Islâmico Brasileiro, foi quase
secreta, na véspera do dia da
Consciência Negra, e teve
como objetivo criar um elo
entre os negros do Brasil e os
dos EUA. "Somente os loucos estão aqui hoje", disse
Pedro Paulo Soares Pereira,
37, ícone da cultura negra.
Pereira é o Mano Brown,
voz guia do grupo de rap Racionais MC's e, na sede da
ONG Ação Educativa, centro
de São Paulo, a "ponte" para
ações sociais de conscientização entre negros brasileiros e norte-americanos começou a ser erguida a partir do contato do rapper com
Fred Hampton Jr., líder do
movimento pela igualdade
racial Black Panthers (Panteras Negras), criado nos
anos 60 nos Estados Unidos.
Ele é filho de Fred Hampton,
morto em 1969 pelo FBI.
Por quase três horas,
Brown e Hampton Jr, chamado de "ministro" pelos
panteras negras, debateram
o que chamam de "terrorismo estatal praticado pelos
governos dos EUA e do Brasil contra os negros".
Em um dos momentos do
encontro, Hampton Jr disse
a Brown que o governo dos
EUA ajudou, "jogando bombas em uma represa", a piorar a situação dos negros de
Nova Orleans vítimas do furacão Katrina, em agosto de
2005. A ação, disse, teria
atendido aos interesses de
empresários amigos do presidente George W. Bush.
Hampton Jr disse ter vergonha de pessoas como a secretária de Estado dos EUA,
Condoleezza Rice, e do senador Barak Obama, candidato
à presidência dos EUA. "Eles
não representam os negros."
"Chegamos num momento em que não basta fazer filmes sobre preto, só. Que não
basta gravar disco de rap falando da nossa realidade, a
gente está colocando nosso
orgulho em jogo. Eu acredito
que os negros não precisam
de super-herói", disse
Brown, para quem "o hip
hop brasileiro está enfraquecido financeiramente, mas
não ideologicamente".
Para Hampton Jr, o hip
hop ainda é, apesar das distorções causadas pelos rappers norte-americanos com
a ostentação por dólares,
carrões e a discriminação
contra as mulheres, uma das
mais fortes ferramentas para
unir e conscientizar os negros de todo o mundo.
O black panther também
disse saber da "revolução"
que Brown e seus parceiros
de Racionais fazem com o
rap Brasil afora. Ao final do
encontro, Brown e Hampton
Jr cerraram os punhos (saudação padrão dos black panthers) e foram aclamados pelas cerca de 60 pessoas que participaram do evento..
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