São Paulo, quarta-feira, 21 de novembro de 2007

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Anselmo Berra e a "guerra agradável"

WILLIAN VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Houve entre os camponeses que deixaram o vilarejo de Monteprato, no norte da Itália, para lutar na Segunda Guerra, um rapaz que passou todos os anos do conflito sem disparar um único tiro.
Logo preso pelos ingleses, Anselmo Berra teve de trabalhar num hospital de freiras na Líbia -onde cuidava dos olhos dos beduínos do deserto, que vinham em caravanas para se curar dos glaucomas causados pela areia.
Findo o que via como uma "guerra quase agradável", assustou-se com a miséria na Itália, juntou meio vilarejo e partiu para o Paraná, no Brasil. Malograda a cooperativa, veio ser assistente de cozinheiro em São Paulo. Em 1962, já tinha seu próprio restaurante.
As paredes do La Fornarina guardaram por anos as fotos do boxeador Primo Carnera -campeão mundial de pesos pesados e nascido em Udine, cidade natal de Berra. Que foi ao hotel do lutador deixar um bilhete convidando-o para o restaurante, onde, todos os dias, a mesa com flores e vinho o recebeu.
Tempos que ele narrava aos amigos do Itaim, caminhando de bengala pela rua Iaiá. Tinha duas filhas, três netos e 90 anos. Morreu no sábado de causas naturais, no hospital, em São Paulo.


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