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foco
Buraco "sem dono" aberto
há um ano acumula lixo e atrapalha escola no Glicério
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Aberto em uma obra de irrigação e drenagem de águas
pluviais no Glicério (região
central de São Paulo), um buraco de cerca de 50 m2 por 4 m
de profundidade tem acumulado lixo, atraído ratos e servido de abrigo para moradores
de rua na calçada da escola
municipal Duque de Caxias. A
obra se estende por mais de
200 m na rua dos Estudantes,
que acaba na praça Mário
Margarido, onde fica a escola.
Segundo a direção da escola,
a obra foi iniciada há pouco
mais de um ano e interrompida há cerca de um mês -sem
que ninguém se responsabilizasse pelo buraco ou desse
uma satisfação à vizinhança.
"É incrível, temos uma cratera abandonada a 500 m do
marco zero da cidade e ninguém sabe quem foi que a
abriu. Aquilo vira um rio
quando chove, fica cheio de
larva de mosquito da dengue.
Já houve caso de virose entre
as crianças", diz a diretora,
Maria Rita Caceres.
A escola tem 1.200 alunos,
37 salas e mantém cursos de
primeira à oitava série -e para adultos, à noite.
Maria Rita diz que já recorreu à prefeitura e a várias concessionárias como Telefônica
e também a Sabesp, mas ninguém assumiu a responsabilidade pela obra. "Queria ter pelo menos uma perspectiva de
fechamento do buraco ou pedir aos responsáveis que o
protejam do lixo", diz.
A assessoria da Subprefeitura da Sé diz que quem responde pelo buraco é a Siurb (Secretaria Municipal de Infra-Estrutura Urbana e Obras). A
secretaria diz que a responsável pela fiscalização é a subprefeitura.
A Siurb reconhece que mantém uma obra em andamento
na rua dos Estudantes -de recuperação de uma galeria de
águas pluviais, com objetivo
de aumentar a capacidade de
receptação para receber o volume do córrego Moringuinho-, mas não acredita que
seja a mesma que gerou o buraco na calçada da escola.
Diz que sua obra, com prazo
de conclusão para final de fevereiro de 2009, está na rua
dos Estudantes "mais para o
lado da [avenida] 23 de Maio".
Não sabe de nenhum buraco
aberto na praça.
Mesmo assim, programou
uma vistoria técnica na segunda-feira, pela manhã. Procurada mais uma vez, a subprefeitura resolveu que fará uma
vistoria na segunda-feira também e que pode multar a própria Siurb, "se for caracterizada a responsabilidade dela".
Bolsa vazia
A julgar pelo que dizem os
funcionários da escola, as duas
vistorias não poderiam ser feitas num dia melhor. "Depois
de um feriado, aumenta o número de moradores de rua e de
sofás, colchões, TVs, fogões e
lixo ali", diz a assistente de direção Siméia Matos. "Tem até
bolsa vazia que os assaltantes
jogam no buraco."
A diretora diz que, em menos de seis meses, foi preciso
chamar a prefeitura para realizar duas desratizações -quando o normal seria uma a cada
semestre.
O síndico do condomínio
Parque Esplanada, um edifício
de 380 apartamentos vizinho à
escola, ironiza. "O apelido do
buraco é "piscinão do Glicério".
Até melhorou o problema de
alagamento na região porque
toda a água vai para lá."
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