São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 2008

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Buraco "sem dono" aberto há um ano acumula lixo e atrapalha escola no Glicério

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Aberto em uma obra de irrigação e drenagem de águas pluviais no Glicério (região central de São Paulo), um buraco de cerca de 50 m2 por 4 m de profundidade tem acumulado lixo, atraído ratos e servido de abrigo para moradores de rua na calçada da escola municipal Duque de Caxias. A obra se estende por mais de 200 m na rua dos Estudantes, que acaba na praça Mário Margarido, onde fica a escola.
Segundo a direção da escola, a obra foi iniciada há pouco mais de um ano e interrompida há cerca de um mês -sem que ninguém se responsabilizasse pelo buraco ou desse uma satisfação à vizinhança.
"É incrível, temos uma cratera abandonada a 500 m do marco zero da cidade e ninguém sabe quem foi que a abriu. Aquilo vira um rio quando chove, fica cheio de larva de mosquito da dengue. Já houve caso de virose entre as crianças", diz a diretora, Maria Rita Caceres.
A escola tem 1.200 alunos, 37 salas e mantém cursos de primeira à oitava série -e para adultos, à noite.
Maria Rita diz que já recorreu à prefeitura e a várias concessionárias como Telefônica e também a Sabesp, mas ninguém assumiu a responsabilidade pela obra. "Queria ter pelo menos uma perspectiva de fechamento do buraco ou pedir aos responsáveis que o protejam do lixo", diz.
A assessoria da Subprefeitura da Sé diz que quem responde pelo buraco é a Siurb (Secretaria Municipal de Infra-Estrutura Urbana e Obras). A secretaria diz que a responsável pela fiscalização é a subprefeitura.
A Siurb reconhece que mantém uma obra em andamento na rua dos Estudantes -de recuperação de uma galeria de águas pluviais, com objetivo de aumentar a capacidade de receptação para receber o volume do córrego Moringuinho-, mas não acredita que seja a mesma que gerou o buraco na calçada da escola.
Diz que sua obra, com prazo de conclusão para final de fevereiro de 2009, está na rua dos Estudantes "mais para o lado da [avenida] 23 de Maio". Não sabe de nenhum buraco aberto na praça.
Mesmo assim, programou uma vistoria técnica na segunda-feira, pela manhã. Procurada mais uma vez, a subprefeitura resolveu que fará uma vistoria na segunda-feira também e que pode multar a própria Siurb, "se for caracterizada a responsabilidade dela".

Bolsa vazia
A julgar pelo que dizem os funcionários da escola, as duas vistorias não poderiam ser feitas num dia melhor. "Depois de um feriado, aumenta o número de moradores de rua e de sofás, colchões, TVs, fogões e lixo ali", diz a assistente de direção Siméia Matos. "Tem até bolsa vazia que os assaltantes jogam no buraco."
A diretora diz que, em menos de seis meses, foi preciso chamar a prefeitura para realizar duas desratizações -quando o normal seria uma a cada semestre.
O síndico do condomínio Parque Esplanada, um edifício de 380 apartamentos vizinho à escola, ironiza. "O apelido do buraco é "piscinão do Glicério". Até melhorou o problema de alagamento na região porque toda a água vai para lá."


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