São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 2002

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RETRATO DO BRASIL

Entre 91 e 2000, queda foi de 16%; espanhóis, italianos, japoneses e portugueses procuram menos o país, que voltou a receber mais brasileiros que estavam fora

Cai número de estrangeiros morando no país, diz IBGE

ANTÔNIO GOIS
FERNANDA DA ESCÓSSIA

DA SUCURSAL DO RIO

O Brasil já não é um destino tão atrativo para estrangeiros. Os dados definitivos do Censo 2000 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgados ontem, mostram queda no número de pessoas nascidas em outros países que residem no Brasil.
De 1970 até 2000, a quantidade caiu 53%, passando de 1,08 milhão para 510 mil. A queda com relação a 1991, quando viviam 606 mil estrangeiros, foi de 16%.
Apesar de atrair menos estrangeiros, o Brasil voltou a receber mais brasileiros que estavam fora do país. Em 1991, 31 mil brasileiros natos afirmaram que viviam no exterior nos cinco anos anteriores ao Censo. Em 2000, 87 mil, um aumento de 180%.
A diminuição no número de estrangeiros ocorre principalmente nas comunidades mais tradicionais: portuguesa, japonesa, italiana e espanhola. Em contrapartida, cresce gradualmente a participação de países como Argentina, Peru, Bolívia e Chile.
"Houve um aumento de estrangeiros que se naturalizaram [de 155 mil, em 1970, para 173 mil, em 2000", mas a principal explicação para isso é que o país deixou de atrair imigrantes como antigamente", diz o técnico do IBGE Fernando Albuquerque.
A principal comunidade estrangeira no Brasil continua sendo a portuguesa, apesar de ter encolhido 57% nos últimos 30 anos, seguida da japonesa, da italiana e da espanhola. As três últimas tiveram redução de mais de 60% no mesmo período.
Comparando apenas os últimos dez anos, as colônias mais significativas e que mais cresceram foram a peruana (84,2%), a chinesa (30,5%) e a boliviana (22,7%).
A Polícia Federal tem cadastrado 1,02 milhão de estrangeiros. Apesar da diferença, o diretor do Departamento de Estrangeiros do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto, afirma que a tendência de diminuição da proporção de estrangeiros é a mesma.
"Não há pressão migratória para o Brasil. Desde a década de 80, o país passou a ter mais brasileiros morando no exterior do que estrangeiros aqui. A proporção deles na nossa população vem diminuindo e é pequena se comparada com países como Argentina, EUA ou Canadá", diz ele.
Quando se analisa o fluxo migratório entre Estados brasileiros, o Censo mostra que São Paulo é a unidade da federação que mais recebe pessoas.
No período de 1995 até 2000, 1,2 milhão de pessoas vindas de outros Estados fixaram residência em São Paulo.
Apesar disso, houve uma queda expressiva no saldo migratório entre os períodos de 1986/1991 e 1995/2000 no Estado. De 1986 a 1991, a diferença entre os que chegam e os que saem era de 745 mil pessoas. De 1995 a 2000, 340 mil, uma redução de 54%.
Isso aconteceu porque diminuiu em 12% o número de brasileiros chegando a São Paulo, ao mesmo tempo em que aumentou em 36% o número de pessoas que saíram do Estado para morar em outras unidades da federação.
Por outro lado, Minas Gerais tinha saldo negativo de 107 mil pessoas de 1986/1991 e passou a ter saldo positivo de 39 mil de 1985/ 2000. O mesmo se repetiu no Estado do Rio. De 1986 a 1991, o Estado expulsou 42 mil pessoas a mais do que recebeu. De 1985 a 2000, o Rio recebeu 45 mil pessoas a mais do que expulsou.


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