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RETRATOS DO BRASIL
Em média, são 2,5 funcionários para cada cem moradores; maior crescimento (14,8%) foi na região Sul
Municípios têm 8% a mais de servidores
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
De 2002 a 2004, o número de
servidores públicos municipais
em todo o país cresceu 8%, revela
a pesquisa Perfil dos Municípios
Brasileiros-Gestão Pública, divulgada ontem pelo IBGE.
Mas esse índice é ainda maior,
cerca de 11%, quando se considera a incorporação dos prestadores
de serviços terceirizados -que
em 2002 não eram contabilizados- à pesquisa realizada pelo
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No ano passado, as 5.560 cidades brasileiras empregavam 4,522
milhões de servidores. Dois anos
antes, em 2002, eles somavam
4,069 milhões.
Se considerados apenas os servidores municipais estatutários,
contratados pelo RJU (Regime Jurídico Único), o crescimento foi
de 7,9% de 2002 a 2004, o que significou um incremento de 205 mil
novos servidores com esse tipo de
contrato de trabalho.
De acordo com os dados do
IBGE, em média, existem no Brasil 2,5 servidores para cada cem
pessoas. Quanto maior a cidade,
menor é essa relação. O número
alcança 5,2 em cidades com até
5.000 habitantes. Entre os 34 municípios com mais de 500 mil habitantes, a cifra cai para 1,6 servidor por pessoa.
Segundo o IBGE, entre 2002 e
2004 a população cresceu 3%.
Ao todo, a maior expansão do
número total de servidores foi verificada na região Sul -14,8%. A
menor, na região Norte (7,1%).
Em termos absolutos, o maior
contingente de servidores estava
no Sudeste (1,743 milhão), seguido pelo Nordeste (1,395 milhão).
Para o Ibam (Instituto Brasileiro de Administração Municipal),
apesar da inclusão dos funcionários terceirizados, o aumento do
número de servidores retrata a
ampliação dos serviços prestados
pelos municípios nas áreas de
saúde e educação.
Também ocorreu, segundo o
instituto, por causa do fato de
municípios assumirem atribuições que originalmente são de Estados e da União, como manutenção de equipamentos de segurança pública (delegacias e postos de
polícia) e merenda escolar.
"Muitos serviços deixam de ser
feitos por outras esferas de governo e passaram para os municípios, que, em 2004, custearam R$
6,5 bilhões em serviços e gastos de
servidores que seriam atribuições
principalmente dos Estados",
afirmou François Bremaeker,
coordenador do Banco de Dados
Municipal do Ibam.
Mais atribuições
Desde a Constituição de 1988, os
municípios passaram a ter novas
atribuições e a receber mais recursos para prestar tais serviços.
Um exemplo são as transferências do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica), que vão para
municípios que cumprem metas
de atendimento à educação básica, serviço antes compartilhado
com Estados.
Além disso, diz Bremaeker, cidades que estão próximas do teto
de gastos com funcionalismo público estabelecido pela LRF (Lei
de Responsabilidade Fiscal)
-60% do orçamento- passam a
contratar por meio de empresas
terceirizadas, escapando, desse
modo, da limitação legal.
Tal prática fez cair a participação dos estatutários no total de
servidores da administração direta -de 66,1% em 2002 para
64,3% em 2004. Apesar da queda
relativa, houve um aumento de
199 mil servidores contratados
por essa modalidade.
"De um modo geral, são poucos
os casos de municípios que estouram o limite da LRF. Quando percebem o risco, muitos passam a
contratar terceirizados", afirma
Bremaeker.
Para ele, estão em pior situação
as cidades menores, cuja maioria
dos servidores possui remunerações atreladas ao salário mínimo,
que subiu acima da inflação nos
últimos anos, descolando dos orçamentos municipais.
Segundo Vânia Maria Pacheco,
coordenadora da pesquisa, o IBGE não mensurou o cumprimento da LRF. Ela ressaltou, porém,
que desde 1988 as cidades receberam a atribuição legal sobre manutenção e organização dos serviços de transporte, educação pré-escolar, ensino fundamental, saúde, proteção ao patrimônio histórico e controle do uso do solo.
Com isso, cresceu o número de
cidades com órgãos e autarquias
de administração indireta, que
muitas vezes operaram esses serviços. De 2002 a 2004, o percentual subiu 14,9%, chegando a
1.032 prefeituras.
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