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SEGURANÇA
Estatísticas mostram que quadrilhas preferem levar máquinas automáticas a assaltar bancos; houve 40 casos em 2004
Crescem roubos a caixas eletrônicos no Rio
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Os roubos a caixas eletrônicos
substituem, desde o ano passado,
os assaltos a bancos no Estado do
Rio, revelam estatísticas da DRF
(Delegacia de Roubos e Furtos).
Em 2004, foram registrados 40
roubos a caixas automáticos e 37
assaltos a agências bancárias. Em
2003, houve 56 roubos a bancos e
33 a caixas eletrônicos.
O crescimento de roubos a caixas eletrônicos foi de 40%, e a
queda dos assaltos a bancos atingiu 12% na comparação entre um
ano e outro.
Neste ano já foram registrados
cinco casos envolvendo caixas
eletrônicos -dois deles na madrugada de ontem- e nenhum
assalto a banco no Rio.
Um dos caixas foi arrancado da
agência do Banco do Brasil na
avenida Presidente Vargas (centro) por volta das 3h50. Minutos
depois, outro equipamento foi levado do Unibanco, na praça da
Bandeira (zona norte).
Uma das máquinas foi localizada pela manhã dentro de uma van
branca no viaduto Ataulfo Alves,
em Benfica (zona norte), nas proximidades da favela Parque Arará. A polícia suspeita que os dois
assaltos podem ter sido praticados pelo mesmo grupo. Testemunhas afirmaram que os ladrões
usaram uma van branca em ambas as ações.
Desarticulação
O titular da DRF, delegado Márcio Franco, afirmou que o aumento no número de roubos a caixas
eletrônicos é resultado da desarticulação das grandes quadrilhas de
assaltantes de bancos desde 2002.
Segundo a Polícia Civil, entre
2002 e 2003, foram presos cerca
de cem ladrões de bancos, entre
eles Cléber de Barros Mendes, o
Cléber Negão, considerado o mais
perigoso. As prisões fizeram cair
pela metade o número de ocorrências. Foram 124 em 2002 e 56
em 2003.
De acordo com o titular da DRF,
uma das razões para os sucessivos
ataques a caixas eletrônicos é a segurança frágil. "A segurança dos
caixas é feita com câmeras e alarmes. Isso é frágil porque os ladrões costumam quebrar a câmera. Já vi casos em que a sirene do
alarme tocou, e o roubo só foi descoberto pela manhã", disse.
Márcio Franco declarou que as
instituições que mais sofrem com
roubos a caixas eletrônicos são o
Banco do Brasil e o Real.
"O lucro em assaltos a caixas
eletrônicos acaba sendo quase o
mesmo dos bancos e o risco na
ação é bem menor. Para evitar assaltos, os bancos têm evitado ficar
com muito dinheiro nas agências,
normalmente entre R$ 5.000 e R$
15 mil, o que costuma render um
assalto a caixa eletrônico", avalia.
Os ataques oferecem menos risco para os ladrões porque eles
costumam agir de madrugada
-entre 3h e 4h- ou em feriados
e finais de semana, quando o movimento de pessoas pe menor.
As quadrilhas são compostas de
traficantes dos morros da Mangueira (zona norte) e Providência
(zona central) e da favela Vila do
João (complexo da Maré, zona
norte), segundo a DRF. Já foram
identificados também grupos de
São Paulo e de Minas Gerais praticando o crime no Rio.
O modo de operação das quadrilhas varia. Comumente, os ladrões utilizam carros grandes
-picapes, caminhonetes e até caminhões-guincho- para levar os
equipamentos. Para arrancá-los,
usam maçaricos, alavancas e até
granadas. "Há casos em que o
equipamento tem rodinhas, o que
facilita o roubo", disse o delegado.
Em dezembro de 2002, ladrões
derrubaram um caixa eletrônico
do Banco do Brasil com um caminhão-guincho e obrigaram 25
pessoas a ajudá-los a colocar o
equipamento no veículo.
Há duas semanas, a polícia conseguiu desarticular um grupo que
praticava roubos a caixas eletrônicos. O bando, que era da Mangueira e estava em uma van branca, foi interceptado na rua São
Francisco Xavier (Maracanã, zona norte). Com eles, foram encontrados granadas, um carrinho
para transporte de carga, uma alavanca de ferro grande e um pé de
cabra. Em novembro, um grupo
armado com granadas invadiu o
hospital dos Servidores (centro) e
arrancou o caixa eletrônico. Em
2001, a sede do Incra também teve
um equipamento levado por assaltantes.
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