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Duas crianças estão entre os nove mortos
Uma adolescente de 14 anos também morreu; oito foram vítimas de deslizamentos na capital e na Grande São Paulo
Em Mauá (ABC), um bebê sobreviveu após um soterramento porque a chupeta que usava impediu a terra de entrar na sua boca
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"
A chuva causou a morte de
nove pessoas na capital e na região metropolitana de São Paulo, sete das quais em razão de
deslizamentos de terra. Entre
os mortos, estão duas crianças
e uma adolescente.
Duas das vítimas eram irmãs
-Ana Lídia, 8, e Ana Maria de
Oliveira Santos, 14. Elas estavam em uma casa soterrada por
um barranco que desmoronou
ontem de manhã no bairro Santo Bertoldo, em Ribeirão Pires.
O corpo da mãe delas, Analice
de Oliveira Moreira dos Santos,
36, foi encontrado no início da
noite de ontem.
Um soterramento também
matou Rosângela, 9, no Grajaú
(zona sul de SP). Os pais, Nivaldo de Oliveira, 37, e Maria das
Neves Cardoso, 33, foram achados mortos 12 horas depois.
A casa onde os três estavam
veio abaixo, atingida pela vegetação cerrada e por camadas
superficiais de pedras de um
morro íngreme no entorno.
Quatro pessoas que moravam no segundo andar foram
resgatadas sem ferimentos graves, entre os quais o irmão de
Rosângela. "Estava tudo escuro, eu pensei que era só uma árvore que tinha caído", conta a
doméstica Adriana Sobral da
Silva, vizinha do imóvel.
Barulho
Por volta das 3h, Adriana ouviu "um barulho muito alto de
madeira quebrando" e acordou
sobressaltada. Foi até a porta e
gritou pelos vizinhos, sem saber o que havia acontecido.
Logo ouviram-se pedidos de
socorro. "A gente pegou umas
pás e enxadas e começou a cavar na direção dos gritos", lembra. Os moradores do andar de
cima foram resgatados com vida; no andar de baixo, que sofreu o baque da queda da laje,
ainda estavam desaparecidos.
Por volta das 16h, um bombeiro com casaco cor-de-abóbora caminhou até um grupo
de familiares para dar a notícia
que todos esperavam, mas em
que não queriam acreditar. O
casal fora encontrado morto.
Irmãos dos dois se abraçaram
numa roda, chorando alto, enquanto centenas de vizinhos
prestavam atenção em silêncio.
Aviso
Morador de uma área de risco no Jardim Santo André, em
Santo André (ABC), o aposentado Antonio Soares Ribeiro,
46, morreu quando a encosta
onde estava a sua casa desmoronou por conta da tempestade. Com medo de que o acidente ocorresse, duas filhas da vítima chegaram a ir à casa do aposentado avisá-lo do perigo, segundo Manoel Ribeiro dos Santos, 46 anos, primo da vítima.
Ribeiro, no entanto, não quis
sair, afirmou. Ele vivia só.
Em Mauá, também no ABC, a
recicladora Edinólia Alves da
Silva, 33, morreu soterrada. O
filho dela, Júlio César Durval,
um ano e oito meses, sobreviveu graças à sua chupeta. Ele
dormia na cama com os pais,
quando a terra cobriu o seu corpo da cintura para cima.
Chupeta
"Quando o levamos para o
hospital, o médico disse que foi
a chupeta que salvou meu neto
da morte, porque impediu que
ele engolisse a terra", disse Sônia Alves da Cruz, 52, a avó.
O pediatra do Instituto da
Criança do Hospital das Clínicas Evandro Roberto Baldacci
explica que a chupeta serviu como uma barreira mecânica, impedindo que Júlio aspirasse lama e viesse a morrer.
Na Lapa (zona oeste da capital), o aposentado Roberto de
Fazzio, 70, foi encontrado morto após a casa dele desabar. O
imóvel ficava no sopé de um
terreno em declive (leia texto
nesta página).
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