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Líder de rebelião e traficante são resgatados em SP
ALESSANDRO SILVA
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Quatro homens armados ""roubaram" dois presos das mãos da
polícia, ontem de manhã, em São
Paulo. Um deles é líder de rebelião e escapou duas vezes da prisão. O outro é traficante.
Os dois já estiveram na Casa de
Detenção de Taubaté com os líderes do PCC (Primeiro Comando
da Capital), a facção que deflagrou a maior rebelião da história
do país e que domina esquemas
de fuga e corrupção.
O resgate aconteceu por volta
das 9h na rodovia Edgard Máximo Zamboto, a 30 km de São Paulo, que liga a capital a Campo
Limpo Paulista (região metropolitana de São Paulo).
Marcelo da Silva Soares, o Buguelo, 28, e Leomar de Oliveira
Barbosa, 38, eram levados de volta aos respectivos presídios por
dois policiais civis, quando o grupo de resgate agiu.
Apesar de perigosos, segundo a
própria polícia, eles estavam sendo transportados sem escolta
adequada. A Folha apurou que,
no mínimo dois carros, com quatro homens armados, fazem esse
tipo de escolta normalmente.
""A informação do transporte
vazou", segundo o delegado Marcelo Marinho, do Denarc (Departamento de Investigações sobre
Narcóticos), que solicitou a vinda
dos presos para depoimento em
inquérito sobre tráfico. "Deveria
ter havido sigilo, e não houve."
PCC
A polícia nega que os detentos
resgatados sejam integrantes do
PCC, facção também conhecida
como ""Partido do Crime".
Soares liderou uma rebelião na
Penitenciária de Franco da Rocha,
em abril de 99. Depois disso, também foi levado para Taubaté, onde, na época, Idemir Carlos Ambrósio, o Sombra, o mais importante membro do PCC, e Jonas
Mateus, cumpriam pena.
Ele também é conhecido por
suas fugas: escapou ontem pela
terceira vez em sete anos. Buguelo
conseguiu sair da carceragem do
Depatri, zona norte de São Paulo,
e da Penitenciária do Estado, segundo sua ficha prisional.
Ele cumpre pena de 30 anos por
diversos assaltos a banco. Segundo a polícia, ele também é investigado por tentativa de resgate, em
99, no 74º DP (Parada de Taipas),
em São Paulo. O alvo da operação
era Eurípedes Silva Soares, seu irmão e também ladrão de bancos.
Barbosa, o segundo resgatado, é
""bem" conhecido no presídio de
Assis, segundo funcionários do
lugar, onde cumpria pena de 14
anos por tráfico. Ele também estava na Casa de Detenção de Taubaté quando o PCC liderou revolta,
em dezembro, que terminou com
a morte de nove presos.
Sombra e Mateus estão na lista
dos líderes do PCC transferidos
na última sexta-feira e que serviram como estopim para a megarrebelião do final de semana.
Saída
O Denarc informou ontem que
pediu a saída dos dois presos para
que eles fossem ouvidos em inquérito que investiga uma rota de
tráfico de drogas, que passa por
São Paulo e Paraná.
""Fizemos um pedido legal e tínhamos um autorização judicial
para ouvi-los", afirmou o delegado José Antonio Carlos de Campos Gomes, da Diap (Divisão de
Inteligência e Apoio Policial), órgão do Denarc.
Anteontem, os detentos saíram
dos presídios, sob a custódia de
policiais civis. Eles foram ouvidos
no Denarc e, pela manhã, levados
de volta às unidades de origem
-Soares para Franco da Rocha
(Grande São Paulo) e Barbosa para Assis, no interior do Estado.
No trajeto de volta, uma Parati
fechou o veículo da polícia e bateu
em sua lateral, forçando os agentes do Denarc a parar no acostamento da rodovia.
Antes disso, o carro dos policiais havia sido baleado. Um segundo veículo (uma outra Parati
branca) dava cobertura à ação.
Quatro homens, portando fuzis
e metralhadoras, cercaram os
dois investigadores, retiraram os
criminosos e fugiram na Parati
branca. Os policiais ficaram algemados dentro do carro do Denarc, no acostamento da estrada.
Cerca de 4 km adiante, embaixo
de um viaduto por onde passa a
rodovia Bandeirantes, os criminosos deixaram o carro no qual
fugiam. A polícia acredita que eles
tenham andado para a Bandeirantes e seguido num terceiro carro, não identificado.
Os investigadores César Eduardo Barbaresco e Nei Donizete do
Nascimento foram feridos durante a batida, mas não corriam risco
de vida, segundo a polícia.
A Polícia Militar e a Polícia Rodoviária Estadual fizeram buscas
na Bandeirantes, na Anhanguera
e no acostamento dessas rodovias, mas, até a noite, não haviam
encontrado nada.
Os policiais do Denarc prestaram depoimento ontem no Girp
(Grupo de Intervenção em Cenários de Resgate de Presos). A Secretaria de Estado da Segurança
Pública determinou que o inquérito siga em sigilo.
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