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O PODER DO CRIME
Martus Tavares (Planejamento) diz que gastos na área de segurança estão abaixo dos limites autorizados; Gregori culpa Estados
Plano é mal executado, afirma ministro
SÍLVIA MUGNATTO
MALU GASPAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro do Planejamento,
Martus Tavares, disse ontem que
o Plano Nacional de Segurança
Pública está entre os 35 projetos
do governo federal que não estão
sendo bem executados. O plano
foi lançado em junho do ano passado e é gerenciado pelo Ministério da Justiça. Uma das tarefas era
abrir vagas em presídios.
De acordo com Martus Tavares,
a execução orçamentária desses
programas tem ficado abaixo do
limite autorizado, o que levou o
Ministério do Planejamento a
monitorá-los a partir deste ano.
O ministro da Justiça, José Gregori, repassou ontem a responsabilidade pela não-execução orçamentária integral para os Estados.
"Já foi o tempo em que se fazia
pedidos de verbas em papel de
pão. As leis hoje são muito rigorosas. Às vezes acontece de os Estados apresentarem o projeto, a dotação está destacada, mas o dinheiro não sai porque a documentação não está OK", disse.
A assessoria do ministro da Fazenda, Pedro Malan, também
atribui a responsabilidade aos Estados. O ministério informou que
só não liberou mais recursos para
o Fundo Penitenciário porque alguns Estados deixaram de mandar a documentação exigida pelo
Tesouro. O ministério não informou quais são esses Estados.
O ministro José Gregori disse
que o repasse de recursos para as
penitenciárias foi alvo da falta de
sensibilidade da área econômica
até há dois anos. Hoje, ele considera que não há mais esse problema. Gregori não chegou a citar os
ministros Martus Tavares e Pedro
Malan (Fazenda) ao falar sobre a
liberação de verbas.
O porta-voz da Presidência,
Georges Lamazière, informou
que o presidente Fernando Henrique Cardoso não falaria sobre o
assunto ontem. No Planalto, assessores descartam a demissão de
Gregori por causa da crise do sistema penitenciário.
Na semana passada, durante
uma reunião burocrática para
discutir o Plano Nacional de Segurança Pública, Gregori criticou
o Poder Judiciário, a OAB e a classe política, dizendo que eles "não
são aliados" do governo no plano.
Gregori chegou a dizer que "a
Justiça não assumiu o plano". As
críticas repercutiram mal no Palácio do Planalto, que as considerou
"exageradas e desnecessárias".
Desde que foi criado, o Funpen
(Fundo Penitenciário Nacional)
deixou de receber 28% do que foi
arrecadado devido a cortes do Ministério da Fazenda. Mas o Ministério da Justiça deixou de gastar
R$ 51,5 milhões dos R$ 395,5 milhões liberados desde 1995.
"Vamos dar apoio ao gerenciamento desses programas porque
a execução tem ficado aquém do
limite de gastos autorizado", disse
Martus Tavares. O governo dividiu o Orçamento em 388 programas, sendo que 35 deles serão
monitorados.
Na lista desses programas, estão
quatro diretamente relacionados
à área de segurança -reestruturação do sistema penitenciário,
modernização da Polícia Federal,
segurança do cidadão e assistência a vítimas e testemunhas ameaçadas. Até o dia 10 de cada mês, os
gerentes desses programas terão
de enviar ao Planejamento os pagamentos feitos no mês anterior e
a previsão para o mês corrente.
A assessoria de Martus Tavares
informou que o Ministério da Justiça tinha R$ 700 milhões previstos no Orçamento de 2000, mas
empenhou (comprometeu para
gastos) R$ 659 milhões. Além desse total, o ministério recebeu mais
R$ 384 milhões por causa do Plano Nacional de Segurança Pública. Segundo Tavares, cada ministério é responsável pelos seus gastos. Em 2001, o plano terá, sozinho, R$ 924 milhões para gastar.
Em relação a São Paulo, Gregori
afirmou que entrega amanhã ao
governo estadual os R$ 31 milhões
anunciados no final de 2000.
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