São Paulo, quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

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Carnaval 2007

Beija-Flor vence no Rio e reconquista hegemonia

Com o maior orçamento do ano, bloco acumula agora dez carnavais vitoriosos

Grande Rio volta a ser vice-campeã; Mangueira fica em terceiro e contesta notas; tristeza maior, porém, é da Império Serrano, rebaixada

João Wainer/Folha Imagem
CAMPEÃ Desfile da escola de samba Beija-Flor, que conquistou ontem o quarto título do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro nos últimos cinco anos de disputa; com alegorias luxuosas e orçamento de R$ 7 milhões, a escola de Nilópolis, última agremiação a desfilar, conquistou o público da Marquês de Sapucaí

LUIZ FERNANDO VIANNA
PEDRO SOARES

DA SUCURSAL DO RIO

A Beija-Flor confirmou seu favoritismo, conquistou o título de 2007 e reconquistou a hegemonia do Carnaval carioca nesta década. É o quarto título da escola de Nilópolis nos últimos cinco anos e o décimo em sua história. Cerca de 15 mil pessoas comemoraram o título na quadra da escola.
Última das 13 agremiações do Grupo Especial a desfilar, a Beija-Flor conquistou o público do sambódromo com o enredo "Áfricas: do berço real à corte brasiliana". E convenceu os jurados: ficou 14 décimos à frente da segunda colocada, uma larga diferença.
Com o maior orçamento deste ano (R$ 7 milhões), a Beija-Flor foi muito luxuosa, especialmente nas alegorias. Mas não se resumiu a isso: muitas das fantasias eram de material simples, como palha e chita, mas que produziram um grande efeito na avenida.
A tradicional empolgação dos componentes -a grande maioria de Nilópolis- e o samba-enredo eficiente foram outros trunfos. Só cinco jurados tiraram pontos da escola, um de cada quesito: comissão de frente, harmonia, alegoria e adereços, bateria e evolução.
Neguinho da Beija-Flor, que antes de acabar a apuração já comemorava no Sambódromo, foi o intérprete da escola em todos os seus dez títulos. Laíla, coordenador da comissão de Carnaval, venceu pela nona vez na escola -só esteve de fora na vitória de 1983.
"Não foi a África que deu sorte. Qualquer enredo bem desenvolvido pode ser vitorioso. E fizemos um belíssimo trabalho", disse Laíla, 63, que começou no Carnaval nos enredos africanos do Salgueiro dos anos 60 e é um entusiasta desse universo. Disse ainda que a chegada do carnavalesco Alexandre Louzada, campeão em 2006 pela Vila Isabel, ajudou: "Ele limpou a escola visualmente. Fez um grande trabalho".
"Estou muito feliz. E o curioso é que eu tirei no ano passado o tetracampeonato da Beija-Flor e, neste ano, estou devolvendo-o a ela", disse Louzada, revelando ainda que o próximo enredo da escola será sobre Macapá, capital do Amapá.
Se a Beija-Flor reverteu a má colocação de 2006 (quinto lugar), outras situações não mudaram tanto. A Grande Rio voltou a ser vice-campeã de forma surpreendente.
"Quem disse que não éramos favoritos? Mostramos toda a força de Caxias", reagiu o carnavalesco da escola, Roberto Szaniecki.
O presidente da Mangueira, Percival Pires, se disse decepcionado com o terceiro lugar. "Vou esperar a justificativa dos jurados. Mas não concordo com as notas. Todos reconhecem a garra e a cadência da bateria da Mangueira."
Tristeza maior, porém, se viu na diretoria da Império Serrano. Das mais tradicionais escolas do Rio, fundada em 1947, a agremiação foi rebaixada.
De volta ao Grupo Especial neste ano, a Estácio de Sá também desceu para o grupo de acesso, apesar de empolgar a Sapucaí com a reedição do seu clássico "O Ti Ti Ti do Sapoti".
A campeã do Grupo de Acesso foi a São Clemente, que sairá em 2008 no Grupo Especial.


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