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Reformada, República ganha banco antimendigo
Resultado é que os moradores de rua
passaram a dormir no chão da praça
Reforma do local, que
custou R$ 3,1 milhões,
incluiu ainda troca de piso
e a revitalização dos
lagos e canteiros
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Reinaugurada ontem, a praça
da República, no centro de São
Paulo, recebeu bancos antimendigos -de madeira, com
divisórias de ferro que impedem que uma pessoa se deite. O
resultado, porém, é que, agora,
os moradores de rua passaram
a dormir no chão da praça.
A praça foi reinaugurada ontem pelo prefeito de São Paulo,
Gilberto Kassab (PFL), e ganhou também novos pisos, lagos e canteiros bem-tratados. A
reforma total da praça custou
3,1 milhões.
Mas o que mais chama a
atenção são os novos bancos,
que substituíram os tradicionais de madeira ou concreto,
onde, antes, casais de namorados podiam sentar abraçados.
A prefeitura diz que o objetivo não era impedir mendigos
de dormir na praça, inaugurada
em 1905. "[os bancos] Foram
escolhidos porque são mais
adequados para a arquitetura
da República", afirma Andrea
Matarazzo, secretário municipal das Subprefeituras e subprefeito da Sé.
Na tarde de ontem, pouco antes das 14h, a Folha observou
três moradores de rua estirados sobre pontos do novo passeio. "Ficou pior. Antes, eles se
deitavam nos bancos, que não
ficavam no meio do caminho.
Agora a gente tem de passar
por cima", dizia a vendedora
Rosa Amélia Pires, 28, que elogiou as outras mudanças no local. "Ficou tudo mais bonito, tirando os mendigos."
A secretária Madalena Pinheiro, 32, também reclamava.
"Não adianta colocar esses
bancos porque, além de reduzir
o espaço para a gente descansar, não resolve o problema [da
retirada dos moradores da praça]", comentava. "Era preciso
mandá-los para um abrigo."
O presidente da Comissão de
Direitos Humanos da OAB-SP,
Mário de Oliveira Filho, diz
que a prefeitura tem de assegurar a liberdade de os munícipes
transitarem pelo local. "É uma
atitude complicada porque os
moradores não querem sair e
não se pode tirá-los à força. Por
outro lado, o paulistano tem o
direito de circular."
O diretor da Rede Social de
Justiça e Direitos Humanos,
Aton Fon, criticou os novos
bancos. Segundo ele, é preciso
encontrar novas saídas como,
por exemplo, oferecer emprego
e melhores condições de vida
para essas pessoas.
Antes da República, a praça
da Sé também havia passado
por revitalização e ganhou canteiros ao redor do espelho d'água, concebidos para dificultar
que moradores e crianças de
rua se banhassem no local.
Mas a medida também não
surtiu o efeito desejado: dias
após a reinauguração da praça
da Sé, vários mendigos foram
flagrados tomando banho no
espelho d'água.
Sem grades
As obras na praça da República começaram no fim de maio.
As grades verdes que cercaram
o local durante os trabalhos foram retiradas .
Outra mudança que chama a
atenção na praça são os lagos,
que foram recuperados e limpos. Nas pontes, alguns casais
namoravam na tarde de ontem.
Já as obras do Metrô, que rodeiam a República, devem terminar em 2008. Também no
ano que vem o colégio Caetano
de Campos, onde hoje funciona
a secretaria estadual de Educação, voltará a ter alunos.
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