São Paulo, quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

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Reformada, República ganha banco antimendigo

Resultado é que os moradores de rua passaram a dormir no chão da praça

Reforma do local, que custou R$ 3,1 milhões, incluiu ainda troca de piso e a revitalização dos lagos e canteiros

DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Reinaugurada ontem, a praça da República, no centro de São Paulo, recebeu bancos antimendigos -de madeira, com divisórias de ferro que impedem que uma pessoa se deite. O resultado, porém, é que, agora, os moradores de rua passaram a dormir no chão da praça.
A praça foi reinaugurada ontem pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PFL), e ganhou também novos pisos, lagos e canteiros bem-tratados. A reforma total da praça custou 3,1 milhões.
Mas o que mais chama a atenção são os novos bancos, que substituíram os tradicionais de madeira ou concreto, onde, antes, casais de namorados podiam sentar abraçados.
A prefeitura diz que o objetivo não era impedir mendigos de dormir na praça, inaugurada em 1905. "[os bancos] Foram escolhidos porque são mais adequados para a arquitetura da República", afirma Andrea Matarazzo, secretário municipal das Subprefeituras e subprefeito da Sé.
Na tarde de ontem, pouco antes das 14h, a Folha observou três moradores de rua estirados sobre pontos do novo passeio. "Ficou pior. Antes, eles se deitavam nos bancos, que não ficavam no meio do caminho. Agora a gente tem de passar por cima", dizia a vendedora Rosa Amélia Pires, 28, que elogiou as outras mudanças no local. "Ficou tudo mais bonito, tirando os mendigos."
A secretária Madalena Pinheiro, 32, também reclamava. "Não adianta colocar esses bancos porque, além de reduzir o espaço para a gente descansar, não resolve o problema [da retirada dos moradores da praça]", comentava. "Era preciso mandá-los para um abrigo."
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP, Mário de Oliveira Filho, diz que a prefeitura tem de assegurar a liberdade de os munícipes transitarem pelo local. "É uma atitude complicada porque os moradores não querem sair e não se pode tirá-los à força. Por outro lado, o paulistano tem o direito de circular."
O diretor da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, Aton Fon, criticou os novos bancos. Segundo ele, é preciso encontrar novas saídas como, por exemplo, oferecer emprego e melhores condições de vida para essas pessoas.
Antes da República, a praça da Sé também havia passado por revitalização e ganhou canteiros ao redor do espelho d'água, concebidos para dificultar que moradores e crianças de rua se banhassem no local.
Mas a medida também não surtiu o efeito desejado: dias após a reinauguração da praça da Sé, vários mendigos foram flagrados tomando banho no espelho d'água.

Sem grades
As obras na praça da República começaram no fim de maio. As grades verdes que cercaram o local durante os trabalhos foram retiradas .
Outra mudança que chama a atenção na praça são os lagos, que foram recuperados e limpos. Nas pontes, alguns casais namoravam na tarde de ontem.
Já as obras do Metrô, que rodeiam a República, devem terminar em 2008. Também no ano que vem o colégio Caetano de Campos, onde hoje funciona a secretaria estadual de Educação, voltará a ter alunos.


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