São Paulo, sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

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Serra diz que há grupos de extermínio na PM

"Não admitimos esquadrões, não admitimos grupos de extermínio; estamos combatendo", disse o governador tucano

Dez PMs que atuam na zona norte já foram presos sob suspeita de participar dessas ações e de envolvimento com a morte de coronel

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO VICENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador José Serra (PSDB) admitiu ontem a existência de grupos de extermínio dentro da Polícia Militar de São Paulo e disse que "não é fácil" combatê-los. "Não admitimos esquadrões, não admitimos grupos de extermínio; estamos combatendo. Não é uma tarefa fácil, mas estamos trabalhando com muita firmeza nessa direção", disse Serra, durante visita a São Vicente (74 km de SP).
Até ontem, dez PMs que atuam na zona norte de São Paulo haviam sido presos por suspeita de integrar grupos de extermínio. As prisões começaram em 26 de janeiro porque todos os policiais são investigados também por participação na morte do coronel José Hermínio Rodrigues, 48.
Rodrigues, que investigava a ação de policiais de sua região em grupos de extermínio e de ligação com o jogo do bicho, foi assassinado em 16 de janeiro.
"A polícia tem duas diretrizes do governo de São Paulo: uma, dureza contra o crime, segunda, respeito aos direitos individuais e aos direitos humanos", afirmou o governador.
Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça Militar, reveladas pela Folha, mostraram o modo de atuação de PMs da zona norte suspeitos de integrar um grupo de extermínio.
Com a ajuda da Polícia Federal, as escutas, pedidas pela Corregedoria da PM, mostram policiais trocando informações -como identidade, antecedentes criminais e placas de veículos- sobre pessoas possivelmente envolvidas em crimes.
Há a suspeita de participação de PMs em ao menos cinco chacinas ocorridas na zona norte da capital em 2007.

Mais três presos
Dos dez PMs presos, três tiveram a prisão temporária decretada ontem pelo DHPP (departamento de homicídios), da Polícia Civil. Lindemberg Ferreira de Souza, Robson Qsenhucq e Roberto de Deus Marcondes Júnior, do 9º Batalhão da PM, são investigados sob suspeita de matar duas pessoas e ferir outras sete na madrugada de 12 de fevereiro, no bairro do Mandaqui (zona norte).
Segundo o delegado Marcos Carneiro de Lima, do DHPP, os três são suspeitos de terem cometido o atentado porque as vítimas, supostamente envolvidas com o tráfico de drogas, se recusaram a pagar propina para manter atividades criminosas onde os PMs atuavam.
Onze dias antes, outras seis pessoas haviam sido mortas num escadão do Jardim Elisa Maria, também na zona norte. A perícia comprovou que uma mesma pistola .40 (de uso restrito às forças de segurança) foi usada nos dois atentados.
O DHPP realizou apreensão de armas nas casas dos PMs presos, todos eles donos de motos. Capacetes também foram apreendidos. Os objetos serão analisados porque os assassinos do coronel usaram uma pistola .40 e estavam de moto.
A Folha não conseguiu localizar os advogados dos três PMs presos e não teve acesso a eles.


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