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Serra diz que há grupos de extermínio na PM
"Não admitimos esquadrões, não admitimos grupos de extermínio; estamos combatendo", disse o governador tucano
Dez PMs que atuam na zona norte já foram presos sob suspeita de participar dessas ações e de envolvimento com a morte de coronel
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO VICENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador José Serra
(PSDB) admitiu ontem a existência de grupos de extermínio
dentro da Polícia Militar de São
Paulo e disse que "não é fácil"
combatê-los. "Não admitimos
esquadrões, não admitimos
grupos de extermínio; estamos
combatendo. Não é uma tarefa
fácil, mas estamos trabalhando
com muita firmeza nessa direção", disse Serra, durante visita
a São Vicente (74 km de SP).
Até ontem, dez PMs que
atuam na zona norte de São
Paulo haviam sido presos por
suspeita de integrar grupos de
extermínio. As prisões começaram em 26 de janeiro porque
todos os policiais são investigados também por participação
na morte do coronel José Hermínio Rodrigues, 48.
Rodrigues, que investigava a
ação de policiais de sua região
em grupos de extermínio e de
ligação com o jogo do bicho, foi
assassinado em 16 de janeiro.
"A polícia tem duas diretrizes
do governo de São Paulo: uma,
dureza contra o crime, segunda, respeito aos direitos individuais e aos direitos humanos",
afirmou o governador.
Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça Militar, reveladas pela Folha, mostraram o
modo de atuação de PMs da zona norte suspeitos de integrar
um grupo de extermínio.
Com a ajuda da Polícia Federal, as escutas, pedidas pela
Corregedoria da PM, mostram
policiais trocando informações
-como identidade, antecedentes criminais e placas de veículos- sobre pessoas possivelmente envolvidas em crimes.
Há a suspeita de participação
de PMs em ao menos cinco
chacinas ocorridas na zona
norte da capital em 2007.
Mais três presos
Dos dez PMs presos, três tiveram a prisão temporária decretada ontem pelo DHPP (departamento de homicídios), da
Polícia Civil. Lindemberg Ferreira de Souza, Robson Qsenhucq e Roberto de Deus Marcondes Júnior, do 9º Batalhão
da PM, são investigados sob
suspeita de matar duas pessoas
e ferir outras sete na madrugada de 12 de fevereiro, no bairro
do Mandaqui (zona norte).
Segundo o delegado Marcos
Carneiro de Lima, do DHPP, os
três são suspeitos de terem cometido o atentado porque as vítimas, supostamente envolvidas com o tráfico de drogas, se
recusaram a pagar propina para manter atividades criminosas onde os PMs atuavam.
Onze dias antes, outras seis
pessoas haviam sido mortas
num escadão do Jardim Elisa
Maria, também na zona norte.
A perícia comprovou que uma
mesma pistola .40 (de uso restrito às forças de segurança) foi
usada nos dois atentados.
O DHPP realizou apreensão
de armas nas casas dos PMs
presos, todos eles donos de motos. Capacetes também foram
apreendidos. Os objetos serão
analisados porque os assassinos do coronel usaram uma
pistola .40 e estavam de moto.
A Folha não conseguiu localizar os advogados dos três PMs
presos e não teve acesso a eles.
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