São Paulo, sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Calouro diz ter sido agredido durante trote

DA AGÊNCIA FOLHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O estudante Marcio Marques da Silva, 24, diz que foi espancado em trote em uma sala de aula da Uninove, na Barra Funda (zona oeste de SP). Aprovado em publicidade, Silva conta que na última quarta-feira, primeiro dia de aula, quatro veteranos entraram na sala com spray para pintar os calouros.
Ele diz que se recusou a participar do trote, já que não queria sujar a roupa porque iria trabalhar. Ao tentar deixar a sala, afirma que foi empurrado por um dos agressores e espancado com socos e pontapés por cerca de três minutos. A agressão só acabou quando seguranças chegaram ao local.
Com hematomas na cabeça e nos braços, o rapaz foi levado por seguranças ao banheiro. Os trotes violentos, porém, prosseguiam, e Silva disse ter identificado um dos agressores, que seria do curso de jornalismo.
A assessoria de imprensa da Uninove disse ontem que não poderia informar se algum agressor havia sido identificado e se sofrerá alguma punição.
Na noite do mesmo dia houve tumulto entre alunos e seguranças da faculdade, em frente ao prédio da unidade da Barra Funda, a mesma onde Silva foi agredido. Os seguranças tentaram impedir a entrada de veteranos que queriam aplicar trotes nos calouros. A Polícia Militar foi chamada.
O presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Uninove, Clairton Ferreira, diz que a entidade é contra esse esse tipo de trote, mas que não consegue impedi-lo por conta do grande número de alunos -são 57.666, segundo o MEC.
Silva reclama ainda que não recebeu nenhuma assistência da universidade, apenas o endereço da delegacia onde deveria registrar o boletim de ocorrência. Procurada pela Folha, a Uninove não se pronunciou quanto à queixa do estudante nem quanto ao tumulto à noite.

Justiça
Operador de empilhadeira em uma rede de hipermercados, Silva é o único dos três irmãos que entrou na faculdade. Ele mora em Itapevi e trabalha em Barueri (Grande São Paulo). Nervoso com a situação, Silva disse que não pretende voltar a estudar na Uninove, porque os agressores não foram identificados e continuam lá."Quero que os responsáveis, tanto a faculdade como os alunos, sejam punidos", diz Silva.
O pai do estudante, o taxista Pedro Marques da Silva, 49, disse que ficou preocupado ao chegar em casa do trabalho, por volta das 22h30, e descobrir que o filho tinha sido agredido. Ele foi correndo para o Hospital das Clínicas. "Meu filho é um rapaz lutador. Chega lá e é recebido a tapa e pontapé?"
O taxista diz que vai continuar lutando para tornar o caso público e vai procurar um advogado para a processar a faculdade e os agressores.
Em comunicado, a Uninove disse que "foi um caso isolado e que, no início de cada semestre, a universidade adota uma série de ações para promover a conscientização, integração e as boas-vindas aos calouros, de modo a resguardar a integridade física de nossos alunos, professores e colaboradores."
(MARTA ALVES E KARIN BLIKSTAD)


Texto Anterior: Aluno: "Me descontrolei; ela xingou a minha mãe"
Próximo Texto: Secretário-adjunto desloca 9 PMs para escoltar filha e ex
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.