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ACIDENTE
Prateleiras do Extra de São Caetano do Sul impediram que desastre fosse maior; duas crianças estão entre os feridos
Teto de hipermercado cai e fere 47 pessoas
DA REPORTAGEM LOCAL
Parte do telhado do hipermercado Extra desabou ontem sobre
clientes e funcionários, em São
Caetano do Sul (Grande São Paulo), ferindo 47 pessoas. A estrutura que caiu tem o tamanho da metade de um campo de futebol.
Houve tumulto e correria no
momento em que a cobertura
metálica começou ceder, por volta das 16h30. A chuva forte que
caía na hora do acidente pode ser
a causa do desabamento.
Ontem à noite, dez pessoas permaneciam internadas em observação. As demais, com ferimentos
leves, haviam sido liberadas.
Na lista de feridos estão duas
crianças, uma adolescente e uma
mulher grávida de 7 meses.
O estrago não foi maior porque
as prateleiras e os caixas impediram que o teto tocasse direito o
chão. Além disso, a cobertura cedeu aos poucos, em menos de um
minuto, e não de uma única vez.
""Estava no caixa, quando ouvi
um barulho forte, parecido com o
de um raio, e o teto caiu", afirma a
estudante Daniela Cristine Cunha, 17, que teve ferimentos nos
braços. Ela ficou prensada entre
os caixas, com as ferragens por cima, e acabou socorrida por funcionários do Extra.
Os bombeiros calcularam que
4.000 m2 de estrutura metálica,
dos 26 mil m2 do telhado, caíram.
Mais de 200 pessoas estariam
dentro do prédio.
""Estava na entrada. Vi o teto
caindo e senti uma pancada na cabeça. Não me lembro de mais nada", diz a auxiliar de limpeza
Francinete Florencia de Souza Silva, 31, contratada pelo Extra há
um mês. Ela desmaiou, foi retirada pelos bombeiros e acordou no
pronto-socorro da cidade.
Cerca de 190 homens da polícia,
bombeiros e Defesa Civil participaram da operação de resgate, em
meio à enchente. As ruas ao redor
do hipermercado se transformaram em um rio.
Helicópteros da Polícia Militar
foram usados no transporte dos
feridos. Eles pousaram no estacionamento do Extra.
Às 17h44, mais de uma hora
após o acidente, o Corpo de Bombeiros anunciou que não existiam
mais feridos embaixo dos escombros. Por três vezes, 80 bombeiros
vasculharam o que sobrou do teto
em busca de feridos.
Do lado de fora, uma multidão
de parentes, amigos e curiosos se
aglomerou para ter notícias. A
dona-de-casa Maria Aparecida
Parente, 65, desmaiou ao avistar a
filha Rosane Parente, 38, funcionária do hipermercado, que julgava estar sob os escombros. Rosane disse à Folha que sua mãe havia recebido um telefonema dizendo que ela estaria morta.
Causas
"Uma sobrecarga na estrutura,
por causa da chuva, pode ter causado a queda do telhado", afirma
o coronel Wagner Ferrari, comandante do Corpo de Bombeiros de São Paulo.
Choveu granizo durante o forte
temporal que atingiu São Caetano
do Sul e parte da zona sul de São
Paulo, segundo o serviço de meteorologia do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Peritos do Instituto de Criminalística estiveram no local à noite e
devem retornar hoje. São eles que
vão preparar o laudo sobre as causas do desabamento.
O que chamou a atenção dos
bombeiros foi o tipo de material
que cedeu. ""Se fosse madeira, como ocorreu com o templo da Universal (na capital, em 99), poderíamos dizer que houve desgaste.
Estrutura metálica é muito difícil
de ceder assim", diz o coronel.
Segundo a assessoria de comunicação do Grupo Pão de Açúcar,
a área mais atingida foi a parte da
frente do hipermercado, que começou a funcionar em 97, após
uma reforma e ampliação de um
antigo galpão de fábrica, construído na década de 70. O próprio
Abílio Diniz, presidente do grupo,
esteve no local ontem e disse que
o desabamento aconteceu na área
nova da estrutura.
Em nota divulgada ontem à noite, o Grupo Pão de Açúcar informou que realizaria ""rigorosa apuração para descobrir as causas do
acidente". A empresa tem um
grupo de engenheiros responsável pelas reformas e ampliações.
Segundo a Prefeitura de São
Caetano do Sul, a documentação
do prédio estava em ordem e as
vistorias de rotina haviam sido
realizadas. A licença foi expedida
em dezembro de 97.
Peritos do Instituto de Criminalística irão analisar a documentação da prefeitura.
(ALESSANDRO SILVA, ALENCAR IZIDORO, ARMANDO ANTENORE E MELISSA DINIZ)
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