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Rio terá hospitais militares contra dengue
Ministro Nelson Jobim, da Defesa, diz que Forças Armadas já estão com "tudo preparado" para atuar contra epidemia
Prefeito do Rio, César Maia, não vê problema na medida, mas diz "não entender" por que não incluir hospitais federais no atendimento
ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL A WASHINGTON
As Forças Armadas afirmam
ter um plano pronto para entrar em ação imediatamente no
combate à epidemia de dengue
no Rio de Janeiro e na operação
de emergência para o atendimento das vítimas.
A informação foi dada ontem
pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, em Washington. Segundo ele, os hospitais das três
Forças estão com todas as vagas já ocupadas, mas o plano de
entrada dos militares no esforço conjunto prevê a instalação
de hospitais de campanha do
Exército, da Marinha e da Aeronáutica no Estado.
"Não há dúvida de que vamos
ajudar. Estamos com tudo preparado, porque realmente é um
problema sério lá no Rio", disse
Jobim, que vem sendo informado por telefone pelo chefe
do Estado-Maior da Defesa, almirante Marcos Martins Torres, responsável pela coordenação do plano de cooperação militar contra a dengue.
Na segunda-feira, o secretário estadual de Saúde do Rio,
Sérgio Côrtes, discutiu com representantes de hospitais militares a possibilidade de abertura de leitos militares a civis,
mas foi informado de que isso
não seria possível devido à alta
demanda dos próprios militares e familiares, internados
com a doença.
Jobim, que não citou nomes
nem governos, fez uma acusação genérica: "Houve uma leniência no sentido do combate
ao mosquito da dengue e agora
estamos pagando esse preço".
Acrescentou: "É uma preocupação grave. Estão aumentando os casos. Não adianta a
gente ficar discutindo se é uma
epidemia ou não é uma epidemia, porque, aí, é como ficar
discutindo regra de uso de palavras, e não o fato. O fato é que
você tem um número X de casos. Então, é isso aí que nos leva
ao problema."
Até ontem, foram confirmadas 48 mortes por dengue no
Estado -30 delas na capital.
Conforme a Folha apurou,
as três Forças têm hospitais de
campanha prontos para serem
acionados a qualquer hora no
Rio. São unidades móveis, que
podem ser deslocadas e montadas rapidamente.
O hospital de campanha do
Exército fica de prontidão na
Vila Militar, com equipe própria, capacidade de 30 leitos e
300 atendimentos por dia.
Ontem à tarde, a Força
aguardava apenas que o governador Sérgio Cabral (PMDB) e
o prefeito do Rio, César Maia
(DEM), se entendessem e concluíssem o mapeamento das
áreas de maior incidência de
doentes, para deslocar a sua
unidade móvel.
Na expectativa dos militares,
os dois locais mais convenientes para isso seriam Jacarepaguá (zona oeste) ou Santo Cristo (região central), não só pelo
alto grau de contaminação da
população local como também
porque em ambos há grandes
áreas abertas e passíveis de serem usadas para tal fim.
Por e-mail, Maia disse não
ver problema na atuação dos
militares no Rio. "Nenhum
problema. Excelente", afirmou.
Mas disse "não entender" porque não incluir também os hospitais do Fundão, de Bonsucesso e dos Servidores do Estado.
"Todos são federais."
O hospital de campanha do
Exército já foi usado na África,
por exemplo. Um dos países
atendidos foi Angola, que convive com doenças transmissíveis graves, como a Aids.
Já os hospitais da Marinha e
da Aeronáutica foram usados
no próprio Rio, em 2005.
Violência
O ministro também falou sobre a violência no Rio, ontem,
em palestra no Centro de Estratégia e de Estudos Internacionais. Apesar de defender o
debate sobre o emprego das
Forças Armadas contra o crime
organizado, ele fez ressalvas. "A
discussão é feita sobre a necessidade do uso, mas o fundamental é saber como usar."
Jobim está em Washington a
convite do governo dos EUA
para contatos na área militar.
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