São Paulo, sábado, 22 de março de 2008

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Rio terá hospitais militares contra dengue

Ministro Nelson Jobim, da Defesa, diz que Forças Armadas já estão com "tudo preparado" para atuar contra epidemia

Prefeito do Rio, César Maia, não vê problema na medida, mas diz "não entender" por que não incluir hospitais federais no atendimento

ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL A WASHINGTON

As Forças Armadas afirmam ter um plano pronto para entrar em ação imediatamente no combate à epidemia de dengue no Rio de Janeiro e na operação de emergência para o atendimento das vítimas.
A informação foi dada ontem pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, em Washington. Segundo ele, os hospitais das três Forças estão com todas as vagas já ocupadas, mas o plano de entrada dos militares no esforço conjunto prevê a instalação de hospitais de campanha do Exército, da Marinha e da Aeronáutica no Estado.
"Não há dúvida de que vamos ajudar. Estamos com tudo preparado, porque realmente é um problema sério lá no Rio", disse Jobim, que vem sendo informado por telefone pelo chefe do Estado-Maior da Defesa, almirante Marcos Martins Torres, responsável pela coordenação do plano de cooperação militar contra a dengue.
Na segunda-feira, o secretário estadual de Saúde do Rio, Sérgio Côrtes, discutiu com representantes de hospitais militares a possibilidade de abertura de leitos militares a civis, mas foi informado de que isso não seria possível devido à alta demanda dos próprios militares e familiares, internados com a doença.
Jobim, que não citou nomes nem governos, fez uma acusação genérica: "Houve uma leniência no sentido do combate ao mosquito da dengue e agora estamos pagando esse preço".
Acrescentou: "É uma preocupação grave. Estão aumentando os casos. Não adianta a gente ficar discutindo se é uma epidemia ou não é uma epidemia, porque, aí, é como ficar discutindo regra de uso de palavras, e não o fato. O fato é que você tem um número X de casos. Então, é isso aí que nos leva ao problema."
Até ontem, foram confirmadas 48 mortes por dengue no Estado -30 delas na capital.
Conforme a Folha apurou, as três Forças têm hospitais de campanha prontos para serem acionados a qualquer hora no Rio. São unidades móveis, que podem ser deslocadas e montadas rapidamente.
O hospital de campanha do Exército fica de prontidão na Vila Militar, com equipe própria, capacidade de 30 leitos e 300 atendimentos por dia.
Ontem à tarde, a Força aguardava apenas que o governador Sérgio Cabral (PMDB) e o prefeito do Rio, César Maia (DEM), se entendessem e concluíssem o mapeamento das áreas de maior incidência de doentes, para deslocar a sua unidade móvel.
Na expectativa dos militares, os dois locais mais convenientes para isso seriam Jacarepaguá (zona oeste) ou Santo Cristo (região central), não só pelo alto grau de contaminação da população local como também porque em ambos há grandes áreas abertas e passíveis de serem usadas para tal fim.
Por e-mail, Maia disse não ver problema na atuação dos militares no Rio. "Nenhum problema. Excelente", afirmou. Mas disse "não entender" porque não incluir também os hospitais do Fundão, de Bonsucesso e dos Servidores do Estado. "Todos são federais."
O hospital de campanha do Exército já foi usado na África, por exemplo. Um dos países atendidos foi Angola, que convive com doenças transmissíveis graves, como a Aids.
Já os hospitais da Marinha e da Aeronáutica foram usados no próprio Rio, em 2005.

Violência
O ministro também falou sobre a violência no Rio, ontem, em palestra no Centro de Estratégia e de Estudos Internacionais. Apesar de defender o debate sobre o emprego das Forças Armadas contra o crime organizado, ele fez ressalvas. "A discussão é feita sobre a necessidade do uso, mas o fundamental é saber como usar."
Jobim está em Washington a convite do governo dos EUA para contatos na área militar.


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