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LOURDES DE FREITAS CARVALHO
A pediatra que pôs ordem na medicina
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Na certidão de nascimento
está 3 de maio, mas Lourdes de Freitas Carvalho fazia
aniversário em 3 de fevereiro. Era do tempo em que
atrasos no registro eram corriqueiros. Nasceu pobre, em
São Paulo, de mãe doméstica
e pai motorneiro de bondes
-ninguém acreditava quando dizia que seria médica.
Especializou-se em pediatria, mas não teve pacientes.
Logo ganhou uma bolsa, em
1943, para estudar nos EUA.
Voltou e ajudou a implantar
o arquivo do Hospital das
Clínicas, para preservação de
prontuários e dados de evolução dos pacientes, trabalho
que virou referência e foi
adotado em todo o país.
Foi assim que a médica
sem pacientes enveredou pela administração. Em 1951,
ajudou a criar o curso de especialização em administração hospitalar da USP; dirigiu ainda a faculdade de saúde pública e a clínica ortopédica do HC e foi superintendente do Hospital Universitário da USP e da Santa Casa.
"Era brava e conseguia tudo o que queria". Quando
aceitou planejar, com Odair
Pedroso, o Hospital de Cotia,
não faltaram reuniões políticas. Viúva e sem filhos, criara
como sua a filha dos caseiros.
Aposentada havia mais de 30
anos, dedicava-se ao bordado
e à leitura dos thrillers médicos de Robin Cook. Só parou
quando não enxergava mais.
Morreu na segunda, dia 10,
aos 92.
obituario@folhasp.com.br
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