São Paulo, domingo, 22 de abril de 2001

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DIVÓRCIO

Imagem de "maior abandonado" do senador petista aguça a imaginação das mulheres; ele mantém a foto de Marta na mesa

Separação do casal Suplicy vira tema das rodas de conversa

DA REVISTA

Na última quinta, três mulheres almoçavam nos Jardins (zona oeste de São Paulo). Na hora do cafezinho, uma delas comenta: "O que vocês me dizem do Suplicy solto, sozinho na praça?"
O tema desde segunda em São Paulo é o divórcio da prefeita Marta Suplicy (PT), 56. À surpresa com o fim do casamento, considerado sólido, seguiram-se conjecturas sobre o fim da relação: ego, ciúme ou disputa política?
Marta diz que o assédio a Suplicy sempre foi intenso. "Tenho ciúme do Eduardo, mas não dos 300 bilhetinhos que vêm no bolso cada vez que ele faz palestra. Ciúme a gente só tem quando é perigoso", disse, em setembro.
Agora, o ataque cresceu. Até quinta, o senador havia recebido mais de 800 e-mails de "solidariedade". "Lembre-se de que tem uma fila enorme de mulheres cheias de amor para te dar, e estou me candidatando à vaga... caso ela venha a existir" dizia um deles.
Eduardo Suplicy, 59, foi morar com a mãe. "Jamais esperei que isso pudesse acontecer. Não costumo intervir, mas vou falar com Marta. Ela sempre foi minha amiga e ainda tenho esperança de que voltem", diz a mãe de Eduardo, Filomena Matarazzo Suplicy, 92.
Suplicy manteve a foto de Marta na mesa. "Só Deus sabe se vamos nos reconciliar. Às vezes Deus quer." Também ganhou da colega Heloísa Helena (PT-AL) texto do padre Antônio Vieira sobre "as dores e alegrias dessa maravilhosa e única experiência que é o amor".
Marta seguiu a nota de três linhas divulgada na terça-feira: "Informamos que resolvemos nos separar e, a partir de hoje, residiremos em casas diferentes. Trata-se de um assunto pessoal e familiar sobre o qual nenhum dos dois fará qualquer comentário".
Em entrevista há dez dias, o filho Eduardo, o Supla, 35, mostrava solidariedade ao pai. "Meu pai ama minha mãe. Se não fosse meu pai, minha mãe não seria nem política, seria burguesinha", afirmou ao site no. (lê-se "no ponto").
A imagem de "maior abandonado" aguçou o apetite das mulheres. "Só de conhecê-lo na política dá para perceber o quanto ele é interessante. É bonito, culto e aparenta ter sido um ótimo marido para Marta. E acho que ele deve ser muito gostoso", diz a psicóloga Regina Segabinazzi, 60. Recém-separada, a pedagoga Cecília Olmos, 26, acha Suplicy "um tesão". "Não sei se teria coragem de assediá-lo, mas, se houvesse oportunidade, sairia com ele."

Dividendos políticos
Suplicy detonou em novembro a ira petista, quando anunciou a intenção de tentar a Presidência -para os petistas, uma afronta à liderança "natural" de Lula.
Na quarta, o presidente do PT, José Dirceu, pediu desculpas a Suplicy, disse que na hora "não sabia do momento que ele estava passando" e informou que o partido considera inevitável realizar prévia para definir o candidato.
Para Lúcio Kowarick, 63, professor titular de ciência política da USP, a separação não terá efeito político. "Acredito que nenhum dos dois ganha nem perde."
Valeriano Ferreira Costa, 40, cientista político da Unicamp, diz que o divórcio não atrapalhará a possível corrida de Marta à Presidência. "Ela sempre foi ligada a temas polêmicos: aborto, maconha, casamento entre homossexuais. Ser divorciada é fichinha." (JULIANA LOPES, KIYOMORI MORI, PAULO SAMPAIO E PRISCILLA FERREIRA)


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