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NARCOTRÁFICO
Segundo Exército colombiano, traficante procurado desde 97 estava em avião de contrabandista que foi interceptado
Colômbia anuncia captura de Beira-Mar
PEDRO DANTAS
ISABEL CLEMENTE
DA SUCURSAL DO RIO
O Exército da Colômbia anunciou ontem a prisão de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho
Beira-Mar, considerado o maior
traficante de drogas da América
do Sul por autoridades brasileiras
e colombianas.
Segundo o governo da Colômbia, Beira-Mar foi preso nas selvas
da região do Estado de Vichada,
cerca de 100 quilômetros da fronteira com a Venezuela.
O chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal, Getúlio Bezerra, confirmou
que os colombianos informaram
a prisão do traficante.
Condenado a 30 anos de prisão
pela Justiça brasileira, Beira-Mar
estava foragido desde 1997 quando escapou de uma prisão em Belo Horizonte (MG).
Luiz Fernando da Costa, 33, começou a atuar no tráfico na favela
Beira-Mar, em Duque de Caxias
(Baixada Fluminense, no Rio) em
1990. Em pouco tempo se tornou
o maior fornecedor de cocaína no
atacado, suprindo as bocas-de-fumo da cidade e exportando drogas para outros Estados.
O traficante se tornou conhecido nacionalmente após denunciar extorsões de policiais federais
na Comissão Parlamentar de Inquérito do Narcotráfico, em 1999.
O governo do Rio chegou a oferecer R$ 100 mil por informações
que levassem a sua prisão.
Beira-Mar estava na Colômbia
desde o ano passado quando se
associou ao comandante da Frente 16 das Farc (Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia),
Tomas Medina Caracas, o Negro
Acácio, apontado pelo Exército
daquele país como a "caixa registradora" do grupo guerrilheiro.
Segundo autoridades colombianas, o brasileiro fornecia armas
contrabandeadas do Paraguai para a guerrilha em droga de cocaína produzida nos Estados de Vichada, Guaianía e Guaviare.
Desde fevereiro, 5.000 soldados
da 4ª Divisão do Exército da Colômbia procuravam Beira-Mar e
Negro Acácio na operação intitulada Gato Negro.
Em março, o traficante teria sido ferido com três tiros em uma
operação do Exército que destruiu três laboratórios de refino
de cocaína nas selvas colombianas, na região de Barrancominas.
A prisão
De acordo com o porta-voz do
Exército colombiano, capitão Fernando Ávila, a operação Gato Negro derrubou na última quinta-feira um avião, matando cinco tripulantes, e teria obrigado outro a
fazer pouso forçado na selva.
Ferido, o piloto da aeronave que
pousou se identificou como capitão Benavides e afirmou que os
demais tripulantes tinham fugido
para o interior da selva. Ele disse
ainda que estava pilotando a aeronave sob ameaça de morte.
No entanto, o Exército afirma
que o piloto já era um conhecido
contrabandista na região que, no
ano passado, teve seu avião confiscado após a polícia ter encontrado dentro da aeronave 30 milhões de pesos supostamente pertencentes ao narcotráfico.
Desde então, 350 soldados de
contraguerrilha da operação Gato
Negro estavam perseguindo os
quatro passageiros do avião.
"O cerco aos tripulantes durou
cerca de 48 horas. Fernandinho
não apresentou resistência quando foi capturado, mas apresentou
várias cédulas falsas de identidade. Ele não estava ferido, mas não
possui três dedos da mão esquerda, que perdeu no tiroteio em
março passado", disse o comandante da 4ª Divisão do Exército da
Colômbia, Arcesio Barrero.
No último dia 17, a Polícia Antinarcóticos daquele país fez a primeira prisão de um integrante das
Farc baseada em informações obtidas a partir da prisão de membros da quadrilha de Beira-Mar,
que estavam em território colombiano desde o ano passado.
Luís Garcia, o Franklin Cabezón, foi preso em Bogotá após o
rastreamento das chamadas telefônicas de Elizete Silva Lira, uma
das mulheres que acompanhavam Beira-Mar na Colômbia, presa no último dia 22 de março, em
Bogotá, capital do país vizinho.
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