São Paulo, quarta-feira, 22 de abril de 2009

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Motoristas ignoram CET na saída de escolas

Ao pegar ou deixar filhos em colégios privados da cidade, carros param em fila dupla ou sobre calçadas e faixas de pedestre

Reportagem flagrou veículos parados com o pisca alerta ligado por até 40 minutos em local proibido, mesmo à vista de fiscais de trânsito


Eduardo Knapp/Folha Imagem
Saída de alunos do colégio Dante Alighieri, onde infrações dos motoristas que buscam os filhos acontecem mesmo havendo fiscalização

MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL

As dezenas de carros enfileirados com o pisca alerta ligado dão um clima quase natalino às ruas que cercam o colégio Dante Alighieri, no Jardim Paulista, zona oeste de São Paulo.
O fenômeno, que se repete de segunda a sexta-feira, faz parte da rotina de alguns dos maiores colégios privados da cidade, onde pais de alunos de alta renda não abrem mão do carro para levar e buscar seus filhos.
Em meio à concentração de veículos nos colégios visitados pela reportagem -Dante Alighieri, Santa Cruz, São Luís, Palmares, Bandeirantes e Vera Cruz-, motoristas param em fila dupla, calçadas, faixas de pedestres e áreas de estacionamento proibido e causam lentidão no entorno, ações que nem mesmo a presença da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) consegue impedir.
"A CET dá dez minutos, mas, se não tem ninguém olhando, a gente vai ficando", diz o radialista Severino Alvez, 59 -que vai ao Dante buscar a neta- referindo-se à tolerância para quem estaciona com pisca ligado. Mesmo com funcionários da CET entre as alamedas Jaú e Casa Branca, a reportagem presenciou carros por até 40 minutos em lugar proibido com o sinal aceso.
"Tem de ter paciência", diz Márcia Thomé, 40, que foi multada no ano passado por parar em local proibido enquanto aguardava a filha.
O pico da confusão no Dante, que mesmo a três quarteirões da estação Trianon-Masp do metrô não consegue evitar a concentração de pais motorizados, ocorre na hora do almoço, quando 3.200 estudantes do turno da manhã saem e 830 entram para o turno da tarde.
Para buscar os pequenos, é comum a formação de duplas -mãe e sogra, babá e motorista. Enquanto um fica no carro, o outro vai até a porta. O colégio designou funcionários para ajudar na travessia de pedestres e organizar filas de carros.
A engenheira Sônia Rossrani, 51, mãe de uma aluna do colégio Santa Cruz, no Alto de Pinheiros (zona oeste), irrita-se com a demora de pais e motoristas particulares que esperam em fila dupla as crianças pegarem as mochilas e se despedirem. "O pessoal é folgado", reclama.
Apesar da presença da CET e de funcionários para organizar o fluxo, o Santa Cruz não consegue conter o tumulto entre as 12h30 e as 13h15, quando cerca de 2.640 alunos estão entrando ou saindo. "É um inferno. Todo mundo despejando ou catando crianças", diz a bancária Eliane, mãe de aluno da escola que não revelou o sobrenome. O congestionamento das saídas da avenida Arruda Botelho chega próximo à marginal Pinheiros, da qual é travessa.
Para achar as crianças, pais e motoristas dos colégios visitados recorrem ao celular. Muitos estudantes já cruzam o portão com o aparelho em punho.

Obras do metrô
Já a lentidão no entorno do colégio São Luís, na rua Bela Cintra, na Consolação (área central), piorou desde meados de março, quando a via passou a receber o tráfego desviado da avenida Paulista por causa das obras da linha 4 do metrô.
"Meu Deus do céu, agora já era", diz um motorista particular que não quis se identificar sobre o aumento do tráfego. Com rua interna para facilitar o fluxo, o São Luís só abre os portões para os carros pouco antes da hora de saída. As filas, porém, se formam com 40 minutos de antecedência. "A CET manda rodar, mas, se eu ficar dando voltas no quarteirão, atrapalho mais ainda", diz.
No colégio Palmares, em Pinheiros, um funcionário da CET tenta organizar a fila de carros na av. Brigadeiro Faria Lima. "É difícil", comenta, antes de sair correndo para mandar o motorista do veículo sobre a calçada sair dali.


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