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NA LAPA
Campanha de irmão de Izar teria a verba
Ex-regional revela pressão por doação
MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local
O ex-administrador regional da
Lapa, Gilberto Trama, 37, disse em
novo depoimento à polícia que recebeu pressão de assessores da regional, indicados pelo vereador José Izar (PFL), para "doar" dinheiro
para a campanha de William José
Izar, irmão do vereador, a deputado estadual ano passado.
Dentre os assessores está o ex-chefe de gabinete da regional, Gilmar Almeida Lima, preso na última segunda-feira.
Segundo Trama, Lima e outro assessor pressionavam os engenheiros responsáveis por chefias da regional a arrecadar dinheiro ameaçando destituí-los dos cargos caso
não colaborassem.
"Eles não davam o valor (que deveria ser arrecadado), simplesmente pressionavam para que
houvesse a doação. Eu não cheguei
a doar porque fui para a regional
não por indicação política, mas a
convite do administrador Milton
Solla para ser supervisor de uso e
ocupação de solo", disse.
Segundo o engenheiro, as pressões cessaram depois que ele comunicou o caso a Solla. Ele diz não
saber se o ex-regional instaurou alguma sindicância.
Trama afirma que nenhum dos
engenheiros deu dinheiro nem cedeu às pressões. O segundo depoimento do engenheiro é coerente
com o primeiro, no qual nega participação em casos de extorsão e
afirma que recebeu pressão de
Izar, que queria determinar as atividades prioritárias da regional.
"Ele (Izar) disse que gostaria que
eu trabalhasse com ele, porque eu
seria efetivado e passaria a receber
as vantagens do cargo", disse Trama em seu primeiro depoimento.
O vereador, segundo Trama, voltou à regional e perguntou se ele
aceitava a proposta. O engenheiro
negou e no dia seguinte foi comunicado pelo prefeito que não seria
efetivado no cargo.
Trama foi submetido a uma acareação com o fiscal Januário Costa
Santos. Os dois e o ex-administrador regional da Mooca, José Augusto Fernandes Gomes, são acusados de participar de um caso de
extorsão, no qual Gomes teria exigido R$ 6.000 para a regularização
de um estabelecimento comercial.
Um cheque de R$ 3.000 dado pela suposta vítima foi depositado na
conta de Januário Santos, que afirmou à polícia que o trocou a pedido de Trama. Santos reafirmou o
que disse e, segundo o delegado
Romeu Tuma Jr., foi mais firme
nas suas declarações.
Trama, por sua vez, disse que
Izar pediu ajuda ao estabelecimento e que ele fez o que pôde, mas que
não foram negociados valores.
Trama disse ainda não ter envolvimento com o sumiço de mais de
500 processos da regional.
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