São Paulo, Quinta-feira, 22 de Abril de 1999
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NA LAPA
Campanha de irmão de Izar teria a verba
Ex-regional revela pressão por doação

MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local

O ex-administrador regional da Lapa, Gilberto Trama, 37, disse em novo depoimento à polícia que recebeu pressão de assessores da regional, indicados pelo vereador José Izar (PFL), para "doar" dinheiro para a campanha de William José Izar, irmão do vereador, a deputado estadual ano passado.
Dentre os assessores está o ex-chefe de gabinete da regional, Gilmar Almeida Lima, preso na última segunda-feira.
Segundo Trama, Lima e outro assessor pressionavam os engenheiros responsáveis por chefias da regional a arrecadar dinheiro ameaçando destituí-los dos cargos caso não colaborassem.
"Eles não davam o valor (que deveria ser arrecadado), simplesmente pressionavam para que houvesse a doação. Eu não cheguei a doar porque fui para a regional não por indicação política, mas a convite do administrador Milton Solla para ser supervisor de uso e ocupação de solo", disse.
Segundo o engenheiro, as pressões cessaram depois que ele comunicou o caso a Solla. Ele diz não saber se o ex-regional instaurou alguma sindicância.
Trama afirma que nenhum dos engenheiros deu dinheiro nem cedeu às pressões. O segundo depoimento do engenheiro é coerente com o primeiro, no qual nega participação em casos de extorsão e afirma que recebeu pressão de Izar, que queria determinar as atividades prioritárias da regional.
"Ele (Izar) disse que gostaria que eu trabalhasse com ele, porque eu seria efetivado e passaria a receber as vantagens do cargo", disse Trama em seu primeiro depoimento.
O vereador, segundo Trama, voltou à regional e perguntou se ele aceitava a proposta. O engenheiro negou e no dia seguinte foi comunicado pelo prefeito que não seria efetivado no cargo.
Trama foi submetido a uma acareação com o fiscal Januário Costa Santos. Os dois e o ex-administrador regional da Mooca, José Augusto Fernandes Gomes, são acusados de participar de um caso de extorsão, no qual Gomes teria exigido R$ 6.000 para a regularização de um estabelecimento comercial.
Um cheque de R$ 3.000 dado pela suposta vítima foi depositado na conta de Januário Santos, que afirmou à polícia que o trocou a pedido de Trama. Santos reafirmou o que disse e, segundo o delegado Romeu Tuma Jr., foi mais firme nas suas declarações.
Trama, por sua vez, disse que Izar pediu ajuda ao estabelecimento e que ele fez o que pôde, mas que não foram negociados valores.
Trama disse ainda não ter envolvimento com o sumiço de mais de 500 processos da regional.


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