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VIOLÊNCIA
Alunos dizem usar armas para "impor respeito"
Gangues ameaçam escolas em Ribeirão
ALESSANDRO BRAGHETO
ALESSANDRO SILVA
da Folha Ribeirão
Gangues de jovens, com idades entre 13 e 19 anos, dominam as escolas da zona norte de
Ribeirão, a região mais violenta
da cidade. No lugar de livros e
cadernos, levam drogas e armas para as salas de aulas,
ameaçando a segurança de alunos, professores e diretores.
Anteontem à noite, um dia
depois de um aluno ter sido assassinado dentro de uma unidade de ensino, a Folha esteve
em cinco das seis escolas que
funcionam à noite na zona norte e encontrou esse cenário.
Uma unidade da zona oeste
também foi visitada.
Segundo as autoridades, os
traficantes são os principais
responsáveis por essa estrutura
paralela ao controle dos professores, infiltrando drogas e até
pistolas entre alunos de escolas
da periferia.
Para a antropóloga Alba Zaluar, da Uerj (Universidade do
Rio de Janeiro), as turmas de
ruas têm se transformado em
quadrilhas, não só pela facilidade de se obter armas, mas
também pela busca do que consideram viril.
O adolescente Jair Galasso Filho, 17, foi a última vítima dessa
violência. Morreu, executado a
tiros por outro adolescente, de
13 anos, na quadra de esportes
do colégio Rafael Leme Franco,
no Jardim Antártica, zona oeste, na segunda.
"Entrei armado com uma pistola. Fiz isso para impor respeito", disse à Folha L.C., 16, que
estuda na 5ª série da escola estadual João Palma Guião.
A adolescente C.A.C., 16, diz
que resolveu ingressar em uma
turma porque não suportava
mais "a banca que os outros colocam sobre os mais fracos".
"Tive um amigo que teve de
se armar depois de uma briga",
afirma a garota, aluna de uma
escola no bairro Quintino Facci. O garoto acabou denunciado e detido.
Segundo estudantes, nos corredores dos colégios, já é possível comprar de droga a arma.
A insegurança chega aos diretores, que são obrigados a tomarem atitudes extremas, como Sueli Aparecida Bocardo,
vice-diretora da escola Walter
Paiva. Ela pediu licença de seu
cargo por estar sendo ameaçada de morte.
"O maior problema nas escolas não é somente caso de polícia, mas da sociedade", afirma
o major Otávio Ferreira Pedroso Filho, coordenador da Polícia Militar em Ribeirão Preto.
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