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Disque-Amizade é acusado de pedofilia
PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte
O ministro da Justiça, Renan Calheiros, deve receber até amanhã a
denúncia de que o Disque-Amizade "pratica a pedofilia" e funciona,
na realidade, como um telessexo
disfarçado, incentivando, principalmente, crianças e adolescentes.
A denúncia já foi apresentada
anteontem à Procuradoria Geral
da República e à Procuradoria Geral de Justiça de Minas Gerais pelo
deputado estadual Durval Ângelo
(PT-MG) e pelo coordenador do
Procon da Assembléia Legislativa
de Minas Gerais, Délio Malheiros
-que é também presidente da Comissão de Defesa do Consumidor
da OAB (Ordem dos Advogados
do Brasil), Seção-MG.
Eles gravaram cinco horas de
conversas do Disque-Amizade,
que tem o número 145, em vários
dias e horários diferentes, e afirmam, com base nisso, que as crianças e adolescentes são "envolvidas
em um telessexo disfarçado".
Outra irregularidade denunciada é que os usuários desse serviço,
oferecido por meio de contratos
com companhias telefônicas de vários Estados do país, são "enganados" pelo fato de nas contas dos telefones não estar especificado as ligações para o 145.
Todas as ligações são computadas como impulsos normais, embora a cobrança das ligações não
corresponda aos impulsos cobrados normalmente.
"O impulso cobrado pelo 145 é de
um minuto, mesmo aos domingos,
quando o impulso normal dura
quatro minutos. São várias denúncias de consumidores que têm chegado à Assembléia Legislativa",
disse o advogado.
Malheiros disse que, nas seis fitas
gravadas, várias vezes os monitores do serviço ficam provocando e
induzindo os usuários a falarem
sobre sexo pelo telefone. "De um
inocente Disque-Amizade, a coisa
se transforma nisso."
O Disque-Amizade funciona da
seguinte forma: as pessoas ligam e
caem uma "sala" de bate-papo,
com outros cinco ou seis usuários.
Os monitores do serviço ficam
percorrendo as salas e interferindo
nas conversas. "Eles ficam sempre
apimentando as conversas", afirmou o advogado.
As seis fitas serão entregues ao
ministro da Justiça, com o pedido
para que seja bloqueado imediatamente esse serviço e que a Polícia
Federal investigue o caso.
Malheiros disse que foram registrados telefonemas de crianças
com idade a partir de seis anos. A
empresa Disque-Amizade do Brasil, que explora o serviço, alega, segundo Malheiros, que o público alvo dela tem entre 16 e 25 anos.
Nenhum dirigente da empresa
foi localizado ontem pela Agência
Folha para falar sobre a denúncia.
Malheiros disse que a empresa faturou no ano passado R$ 102 milhões, com uma média de 24 milhões de ligações por mês.
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