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ABASTECIMENTO
Barragem de Tapacurá, que fornece 50% da água consumida na cidade, está com 3,5% da capacidade
Recife adota racionamento de nove dias
FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife
O racionamento de água em Recife (PE) vai ser ampliado na próxima semana. A partir de segunda-feira, 41 bairros da cidade só serão
abastecidos 24 horas a cada dez
dias -o equivalente a apenas três
dias por mês.
A medida vai afetar pelo menos
200 mil pessoas da zona oeste e
parte da zona sul da capital pernambucana -incluindo áreas nobres como o bairro de Boa Viagem.
Segundo a Compesa (Companhia Pernambucana de Saneamento), o número de consumidores prejudicados só não será três
vezes maior devido à existência de
2.400 poços particulares perfurados em prédios e condomínios.
No restante da região metropolitana, composta por 13 municípios
onde moram 3 milhões de pessoas,
o esquema não será modificado. A
água continuará a ser fornecida 20
horas a cada cinco dias.
A decisão de alterar o calendário
de racionamento foi tomada devido à continuidade da estiagem e à
ameaça de colapso total na região.
A barragem de Tapacurá, que
fornece 50% da água consumida
em Recife, está com apenas 3,5%
de sua capacidade de armazenamento, que é de 94 milhões de metros cúbicos. Cada metro cúbico
equivale a mil litros.
Segundo o presidente da Compesa, Gustavo Sampaio, o novo esquema afasta o risco de desabastecimento completo por cerca de 40
dias. Novos ajustes só serão feitos
caso não chova nesse período.
De acordo com Sampaio, 36 carros-pipa da companhia vão reforçar o abastecimento em hospitais,
escolas e creches situadas nas áreas
mais críticas da cidade.
No interior do Estado, a crise
provocada pela estiagem é ainda
maior. Em 32 dos 185 municípios
pernambucanos o sistema de abastecimento entrou em colapso.
Os cerca de 1 milhão de moradores dessas localidades dependem
de carros-pipa para receber água.
Além da Compesa, o Exército e a
Emater (Empresa de Assistência
Técnica e Extensão Rural) estão
distribuindo água.
Trens com vagões-tanque trazem para Recife água de dois poços
da Petrobrás perfurados no município de Cabo de Santo Agostinho,
a 33 km da capital.
Navios que atracam no porto da
cidade também estão colaborando
e doando água que buscam em outros Estados -normalmente 100
mil litros por viagem.
Sampaio calcula em R$ 2,5 bilhões o valor dos investimentos
que deveriam ser realizados no Estado para normalizar o fornecimento e acabar com o racionamento em Pernambuco.
"A situação na região metropolitana, hoje, é resultado da falta de
obras nos últimos 13 anos", disse.
A última grande obra realizada foi
a barragem de Botafogo, em 86.
Com a falta de investimento, o
atual sistema de distribuição da
Compesa é capaz de fornecer, no
máximo, 10 mil litros por segundo
ao Grande Recife. A necessidade,
no entanto, é de 14 mil litros.
Como medida de emergência, o
governo do Estado pretende inaugurar nos próximos quatro meses
três obras que, segundo Sampaio,
deverão aumentar em cerca de
2.000 litros por segundo o fornecimento para a região.
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