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ESTRANHOS NO PARAÍSO
Advogado de brasileiro acusado de matar estudante nos EUA diz que seu cliente vai se declarar inocente
Defesa nega confissão de assassinato
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
A estudante norte-americana de
13 anos assassinada na última sexta nos EUA morreu estrangulada
enquanto fazia sexo com o brasileiro Saul dos Reis Jr., 25, afirmou
ontem a polícia de Danbury (Estado de Connecticut). Os dois estavam no carro dele no estacionamento de um shopping.
Segundo o promotor-geral que
cuida do caso, John Danaher, Reis
teria confessado o estrangulamento acidental à polícia e deve
ser acusado de assassinato nos
próximos dias. O advogado do
brasileiro, Harold Pickerstein,
disse que seu cliente vai se declarar inocente das acusações.
"Danaher teria agido muito melhor se tivesse ficado calado", disse Pickerstein, que foi apontado
para a defesa por um juiz federal.
"É inapropriado discutir evidências num caso em que nem sequer
houve indiciamento até agora."
De acordo com o advogado, o
brasileiro não confessou o crime.
Segundo relatório do comissário Robert Paquette, da polícia local, a estudante Christina Long teria trocado e-mails "pornográficos" e se encontrado pelo menos
uma vez antes de sexta com Reis e
havia feito o mesmo com outros
homens maiores de idade, que
corriam o risco de serem presos
até a conclusão desta edição.
Na noite do último domingo, o
brasileiro foi detido na cidade de
Greenwich, onde morava, acusado de usar a Internet para tentar
seduzir sexualmente uma menor,
um crime federal. Durante interrogatório, sempre de acordo com
Danaher, teria confessado o assassinato e levado o FBI ao corpo.
Saul dos Reis está preso em
Bridgeport (Connecticut) e terá
audiência para definir sua fiança
nesta sexta-feira. O Consulado
Brasileiro em Nova York disse ter
destacado um funcionário para
acompanhar o caso.
De acordo com os investigadores do caso, Christina vivia uma
"vida dupla". Estudava no colégio
católico St. Peter's, era líder de
torcida e ajudava na celebração
das missas matinais. Fora da escola, mantinha um site em que assinava "sxyme4utosee" e marcava
encontros com homens que várias vezes terminavam em sexo.
"Ela era esperta", disse sua ex-professora de inglês, Andrea Cappiello. "Mas tinha um lado ingênuo também." Loira, de olhos
azuis, 1,60m e 56 quilos, Christina
não declarava a idade na página.
A menina morava com a tia havia
dois anos, depois de ter sido retirada pela Justiça da custódia dos
pais, ambos com problemas com
álcool e drogas.
A polícia chegou a Saul dos Reis
após ter recebido a queixa da tia
na sexta à noite de que sua sobrinha não tinha voltado de um passeio no shopping local. No computador da estudante havia mensagens sobre o encontro.
O brasileiro usaria o apelido
"Hot es300", modelo de um carro,
e sua conta no servidor AOL estava em nome da mãe, Silviani Arruda. Preso, Reis teria confessado
que fez sexo com a menina mais
de uma vez e que se correspondia
com ela. Depois, deu informações
que levaram a polícia até o terreno
onde o corpo foi encontrado, na
periferia de Greenwich.
O brasileiro está nos EUA há 9
anos, para onde veio com um visto de turista hoje já vencido. Sem
antecedentes criminais, formou-se em 1997 no equivalente do segundo grau e estava casado há
dois anos com Tatiana, também
brasileira, que se recupera de um
câncer. Os dois não têm filhos.
Reis trabalhava como garçom
no restaurante Café Brasil, do sogro, na periferia de Nova York. O
apartamento do casal fica numa
rua calma de Greenwich. Na porta
estão os dizeres "Deus abençoe a
América".
O caso, revelado ontem no Brasil pela Folha, ganhou a primeira
página do "The New York Post" e
de seu concorrente, o "Daily
News", os dois principais jornais
tablóides nova-iorquinos. Reaqueceu também nas emissoras de
TVs o debate sobre o assédio sexual que menores sofrem quando
estão navegando na Internet e
apressou até aprovação de lei no
Congresso dos EUA.
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