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PM suspeito de chefiar extermínios é preso
No mesmo dia, corregedor-geral da PM é afastado; substituto terá de pôr "freio" nos casos de violência envolvendo PMs
Suspeita é que o policial preso tenha comandado ação de PMs em 11 mortes; comando da corporação não se manifesta sobre a prisão
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Ontem, no mesmo dia em
que a Polícia Civil de São Paulo
prendeu um policial militar
suspeito de chefiar um grupo
de extermínio, o Comando-Geral da PM trocou a chefia da
corregedoria (órgão fiscalizador) da corporação por suposta
falta de uma ação mais efetiva.
Oficialmente, comando da
PM e Secretaria da Segurança
Pública sustentam que a saída
do coronel David Rosolen servirá para "dar novo direcionamento à corregedoria". Hoje,
uma série de remanejamentos
(cerca de cem, envolvendo patentes que vão de tenentes a coronéis) dentro da PM serão publicadas no "Diário Oficial".
Rosolen será substituído pelo também coronel Admir Gervásio Moreira, ex-chefe do Comando de Policiamento Metropolitano. Rosolen não foi localizado ontem pela Folha.
A ordem do Comando da PM
para Moreira é para que ele coloque "freio" nos casos de violência envolvendo PMs.
A saída de Rosolen foi impulsionada pela morte dos motoboys Alexandre Santos, 25, e
Eduardo Luís dos Santos, 30, e
também do camelô Roberto
Marcel Ramiro dos Santos, 22.
Alexandre foi estrangulado
por quatro PMs da zona sul de
SP; Eduardo foi torturado dentro de um quartel da PM na zona norte; e Roberto foi morto
com mais de dez tiros.
Dezenove dias antes de Roberto ser morto, ele e sua mãe,
Janete Rodrigues, foram ameaçados de morte pelo PM Valdez
Gonçalves dos Santos, 36, do
21º Batalhão, na zona leste.
Na manhã de ontem, por ordem do juiz Daniel Ovalle da
Silva Souza, do 1º Tribunal do
Júri, o PM Valdez foi preso
temporariamente -por 30
dias. O pedido de prisão partiu
do DHPP (departamento de
homicídios), da Polícia Civil.
Até então, a Corregedoria da
PM não tinha feito quase nada
contra o PM Valdez.
Grupo de extermínio
As investigações do DHPP
apontam que o PM Valdez e outros cinco policiais da Força
Tática (espécie de tropa de elite) do 21º Batalhão são suspeitos de participar da morte de ao
menos 11 pessoas em sete bairros da zona leste. O caso foi revelado no domingo pela Folha.
A suspeita é que PMs se uniram para fazer uma "limpeza"
nos bairros -o alvo do grupo
seriam os usuários de drogas. A
hipótese é que as mortes tenham sido cometidas para que
o grupo assuma o comando da
venda de drogas da região.
Também pesou na troca do
comando da Corregedoria da
PM o fato de o DHPP ter descoberto fortes indícios da participação de PMs em cerca de 40
homicídios ocorridos na zona
norte. Dois delegados que investigavam esses casos foram
ameaçados de morte.
A reportagem não localizou o
advogado de defesa do PM Valdez. O Comando da PM não se
manifestou sobre sua prisão.
Na terça-feira, ao falar sobre
as mortes na zona leste, o secretário da Segurança Pública,
Antonio Ferreira Pinto, afirmou ser "maldade" dizer que
há um grupo de extermínio formado por policiais militares.
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