São Paulo, domingo, 22 de maio de 2011

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Temendo crimes, estudantes da USP andam em grupos

Morte de Felipe de Paiva, na semana passada, trouxe sensação de insegurança para comunidade acadêmica

Escuro, o principal estacionamento é vigiado por seguranças desarmados que não têm visão total do local

GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO
FERNANDA REIS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O vigilante se aproxima e avisa: "senhor, não é permitido ficar no carro". A abordagem ocorreu às 19h da sexta-feira passada, no estacionamento da FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade), na USP, quando a reportagem se preparava para sair dali.
A quatro metros daquele ponto, o estudante Felipe Ramos de Paiva, 24, foi assassinado por um assaltante, crime que deu início a um clima de medo e apreensão entre alunos e funcionários.
Os estudantes agora evitam parar os carros ali e adotaram o costume de ir em grupos até os seus carros.
A tática vem sendo adotada desde o mês passado, quando dois estudantes foram vítimas de sequestro relâmpago no momento em que saíam de bolsões de estacionamentos da FEA.
Desde abril, um grupo de alunos troca e-mails com dados sobre os roubos cometidos no entorno da FEA.
"Meu colega ficou uma hora rodando no carro dele com ladrões, que desistiram porque não havia caixa eletrônico do banco dele", disse Lucas Cunha, 19, aluno do segundo ano de administração.
Quem usa ônibus também vive em clima de alerta. Alice Mori, 20, também da FEA, evita circular sozinha na entrada de pedestres da Vila Indiana. "É escuro e perigoso. Os assaltos naquela saída da USP são frequentes", diz.
Após a morte de Paiva, primeiro latrocínio (roubo seguido de morte) da história da USP, muitos até deixaram de parar nos estacionamentos. "Preferem estacionar em vagas na rua e fazer o caminho a pé. E nós pedimos que eles não fiquem conversando aqui", disse um vigia.
Segundo ele, após o assassinato houve uma determinação da direção da faculdade para que os alunos não fiquem dentro dos veículos.
Com focos de escuridão, o principal bolsão é vigiado por dois seguranças desarmados que ficam numa guarita e não têm visão total do espaço. Em pontos mais afastados e cercados por árvores, a luz de dois postes altos mal chega aos carros. Essa área geralmente fica vazia.
O reitor da USP, João Grandino Rodas, defende a atuação da PM no campus, o que é motivo de debates entre alunos e direção.
Hoje, 130 homens da Guarda Universitária atuam ali, junto com vigilantes de uma empresa terceirizada. Todos desarmados. Uma licitação foi aberta para modernizar o sistema de iluminação no campus, o que só deve ser concluído daqui a um ano.


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