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SEGURANÇA
Associação aponta valor histórico de unidades
Anúncio de destruição de 100 mil armas causa reação de entidades
DA SUCURSAL DO RIO
A destruição de 100 mil armas,
anunciada para domingo pelo governo do Rio, causou reação de
vendedores, donos e colecionadores. A Associação Nacional dos
Proprietários e Comerciantes de
Armas move quatro ações judiciais e deve impetrar mais duas
para tentar embargar o evento.
O relações públicas da entidade,
Leonardo Arruda, diz que o objetivo é salvar armas históricas ou
que poderiam ir para a polícia,
além das ligadas a processos em
curso. "Se o processo não acabou,
a arma tem de ser preservada."
Com o material resultante da
quebra das 100 mil unidades, será
criada uma escultura pelo desarmamento. Mas o depósito da
Dfae (Divisão de Fiscalização de
Armas e Explosivos), da Polícia
Civil, ainda tem de 110 mil a 130
mil unidades guardadas. No ano
passado, a Dfae recebeu 11.692 armas. Em 1990, foram 6.561.
A Secretaria Estadual da Segurança obteve autorização do Tribunal de Justiça para destruir o
que foi recebido até março de 96,
mesmo com processo em curso.
No arsenal há revólveres da
Guerra do Paraguai, fuzis, um revólver espanhol Defensor, usado
pelo Exército nos anos 20, revólveres Ordonance (do século 19) e
armas da revolta de Canudos.
"É palhaçada, um crime contra
o patrimônio nacional", diz o museólogo Walter Merling, presidente da Associação Brasileira
dos Colecionadores de Armas.
Merling disse que 5.000 das cerca de 20 mil armas que ele examinou possuem valor histórico.
O diretor da Dfae, Fernando
Oseas Vasconcelos, disse que foram preservadas algumas armas
-ele não sabe quantas- de valor histórico ou usadas em crimes
de repercussão. A polícia pedirá
ao Exército para ficar com elas.
Parceiro no ato pelo desarmamento, o coordenador do Viva
Rio, Rubem Cesar Fernandes,
considerou política a reação à
destruição. "Esse pessoal reage
porque quer vender arma."
Para policiais que trabalham no
depósito, a saída das 100 mil armas foi um alívio, pois os galpões
estavam superlotados e o trabalho ficava a cada dia mais difícil.
Segundo um policial, as armas
ficaram lá muito tempo. "Quando
vem alguém buscar arma velha, a
gente diz que elas estão repousando nos braços do Exército e que a
missa será domingo."
(FERNANDA DA ESCÓSSIA)
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