São Paulo, sábado, 22 de junho de 2002

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TRÁFICO

Arma seria utilizada por grupo de Fernandinho Beira-Mar no país vizinho

Míssil iria para o Paraguai, diz PF

FERNANDA DA ESCÓSSIA
SERGIO TORRES

DA SUCURSAL DO RIO

A PF (Polícia Federal) concluiu que o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, 34, pretendia comprar um míssil antiaéreo Stinger como forma de proteger os homens de sua quadrilha das investidas da polícia e de grupos inimigos no Paraguai.
Desde que teve de deixar o Paraguai, em 2000, Beira-Mar vê ameaçados seus negócios e propriedades na região da cidade de Capitán Bado, na fronteira paraguaia com Mato Grosso do Sul.
O míssil foi encomendado por telefone, de dentro da penitenciária Bangu 1 (zona oeste do Rio), por um dos homens de confiança de Beira-Mar, Marcos Marinho dos Santos, o Chapolim. Beira-Mar também está nesse presídio.
As conversas foram interceptadas pela PF e divulgadas pelo Ministério Público do Rio.
Chapolim pediu a um contrabandista de São Paulo, identificado nas gravações como Rubinho, um Stinger. Na segunda-feira, o Ministério Público realizou uma busca em Bangu 1. Apreendeu cinco celulares e equipamentos para uma central telefônica.
As conversas interceptadas mostram que os traficantes mantinham, mesmo presos, o controle de seus negócios. Encomendavam equipamentos de comunicação, drogas e armas.
O míssil seria utilizado por Beira-Mar contra os helicópteros da polícia paraguaia. Toda vez que atacou a quadrilha do traficante, a polícia paraguaia chegou em helicópteros aos esconderijos.
Os helicópteros são a forma encontrada pela polícia de surpreender a quadrilha, que controla parte das estradas da região. Os redutos do bando são fazendas que se estendem por quilômetros em regiões planas.
A PF brasileira faz ações diárias na região. Anteontem, foram apreendidos 621 kg de maconha no fundo falso de um caminhão. A droga, vinda de Capitán Bado, seguiria para o Rio, segundo o superintendente da PF em Mato Grosso do Sul, Wantuir Jacini.
Beira-Mar esteve entre os maiores traficantes de maconha do Paraguai, mas seu grupo está em guerra com o do traficante Carlos Cabral, o Líder Cabral.
Cabral é o sucessor, na região de Capitán Bado e na disputa com Beira-Mar, de João Morel, traficante morto em 2001 e apontado como o maior negociante de maconha do Brasil. Morel e Beira-Mar foram aliados. Mas a prisão em 2000 de dois dos principais homens de Beira-Mar, Jaime Amato Filho e Marcelinho Niterói, fez com que o traficante suspeitasse dos filhos de Morel, Ramón e Mauro.
A vingança começou em janeiro de 2001. Os filhos de Morel foram mortos numa fazenda paraguaia e, dias depois, João Morel, já preso, foi assassinado dentro de um presídio em Campo Grande (MS).
Beira-Mar credita a Líder Cabral informações que resultaram na prisão de seu parceiros Leomar de Oliveira Barbosa -levado para um presídio de São Paulo e um dos interlocutores das conversas telefônicas interceptadas.



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