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TRÁFICO
Arma seria utilizada por grupo de Fernandinho Beira-Mar no país vizinho
Míssil iria para o Paraguai, diz PF
FERNANDA DA ESCÓSSIA
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
A PF (Polícia Federal) concluiu
que o traficante Luiz Fernando da
Costa, o Fernandinho Beira-Mar,
34, pretendia comprar um míssil
antiaéreo Stinger como forma de
proteger os homens de sua quadrilha das investidas da polícia e
de grupos inimigos no Paraguai.
Desde que teve de deixar o Paraguai, em 2000, Beira-Mar vê
ameaçados seus negócios e propriedades na região da cidade de
Capitán Bado, na fronteira paraguaia com Mato Grosso do Sul.
O míssil foi encomendado por
telefone, de dentro da penitenciária Bangu 1 (zona oeste do Rio),
por um dos homens de confiança
de Beira-Mar, Marcos Marinho
dos Santos, o Chapolim. Beira-Mar também está nesse presídio.
As conversas foram interceptadas pela PF e divulgadas pelo Ministério Público do Rio.
Chapolim pediu a um contrabandista de São Paulo, identificado nas gravações como Rubinho,
um Stinger. Na segunda-feira, o
Ministério Público realizou uma
busca em Bangu 1. Apreendeu
cinco celulares e equipamentos
para uma central telefônica.
As conversas interceptadas
mostram que os traficantes mantinham, mesmo presos, o controle de seus negócios. Encomendavam equipamentos de comunicação, drogas e armas.
O míssil seria utilizado por Beira-Mar contra os helicópteros da
polícia paraguaia. Toda vez que
atacou a quadrilha do traficante, a
polícia paraguaia chegou em helicópteros aos esconderijos.
Os helicópteros são a forma encontrada pela polícia de surpreender a quadrilha, que controla parte das estradas da região. Os
redutos do bando são fazendas
que se estendem por quilômetros
em regiões planas.
A PF brasileira faz ações diárias
na região. Anteontem, foram
apreendidos 621 kg de maconha
no fundo falso de um caminhão.
A droga, vinda de Capitán Bado,
seguiria para o Rio, segundo o superintendente da PF em Mato
Grosso do Sul, Wantuir Jacini.
Beira-Mar esteve entre os maiores traficantes de maconha do Paraguai, mas seu grupo está em
guerra com o do traficante Carlos
Cabral, o Líder Cabral.
Cabral é o sucessor, na região de
Capitán Bado e na disputa com
Beira-Mar, de João Morel, traficante morto em 2001 e apontado
como o maior negociante de maconha do Brasil. Morel e Beira-Mar foram aliados. Mas a prisão
em 2000 de dois dos principais
homens de Beira-Mar, Jaime
Amato Filho e Marcelinho Niterói, fez com que o traficante suspeitasse dos filhos de Morel, Ramón e Mauro.
A vingança começou em janeiro
de 2001. Os filhos de Morel foram
mortos numa fazenda paraguaia
e, dias depois, João Morel, já preso, foi assassinado dentro de um
presídio em Campo Grande (MS).
Beira-Mar credita a Líder Cabral informações que resultaram
na prisão de seu parceiros Leomar de Oliveira Barbosa -levado
para um presídio de São Paulo e
um dos interlocutores das conversas telefônicas interceptadas.
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